Por bianca.lobianco

Rio - "Os atos de vandalismo organizados na cidade do Rio estão tendo como motivação a atuação de organizações internacionais que estão cada vez mais estimulando o quebra-quebra", declarou o governador Sérgio Cabral, durante entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira. Cabral avaliou os protestos ocorridos ao longo das últimas semanas na Zona Sul, no entanto, não apontou que tipo de organização estaria atuando em apoio aos manifestantes.

Segundo Cabral%2C presidenta Dilma Rousseff ofereceu ajuda ao RioSeverino Silva / Agência O Dia

Em razão dos recentes acontecimentos envolvendo atos de vandalismo, segundo ele, orquestrados por grupos organizados que estariam causando danos físicos de pessoas e destruindo patrimônios públicos e privados, o governador  ressaltou a necessidade da criação da Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas.

Segundo Cabral, a comissão tem por fim organizar e promover maior eficiência na investigação e na tomada de providências para a prevenção de novos atos de vandalismo e punição de práticas criminais perpetradas. Farão parte desta comissão o Ministério Público, as polícias Civil e Militar e a Secretaria de Segurança do estado.

Pedestre registra estrago em banco após protesto no LeblonJosé Pedro Monteiro / Agência O Dia

A presidência da comissão caberá a um dos representantes do Ministério Público, que será indicado pelo procurador-geral de Justiça. O secretário chefe da Casa Civil acompanhará os trabalhos da comissão, podendo solicitar informações necessárias para a tomada de decisões pelo governador do estado.

Caberá também à comissão realizar investigações sob a prática de atos de vandalismo no que diz respeito a requisitar informações, realizar diligências e praticar quaisquer atos necessários à instauração de procedimentos criminais com a finalidade de punição.

'Manifestações têm caráter diversos'

Em relação aos abusos cometidos pela polícia ao longo das manifestações, o governador ressaltou a importância da comissão, já que o Ministério Público e outros representantes de órgão fiscalizadores da Polícia Civil e da Polícia Militar, como as corregedorias, vão estar atuando nas investigações. 

O governador considera que "essas manifestações que ocorrem há cerca de um mês e meio têm caráter diversos". "Já vi isso no passado, não é novidade que haja confronto, mas dessa forma que é feito no Brasil, nunca aconteceu", enfatizou ele.

Cabral admite que os processos pelos quais estão sendo analisadas tanto a reação dos manifestantes, quanto a reação da polícia, são um aprendizado. "Tenho me reunido com líderes comunitários, líderes das organizações do estado, no sentido de aperfeiçoar a relação entre a sociedade e a polícia".

Presidenta Dilma oferece ajuda

De acordo com Cabral, a presidenta Dilma Rousseff fez uma ligação oferecendo ajuda e se mostrando muito solidária com o que vem acontecendo nas ruas do Rio de Janeiro. "Disse à presidenta, que neste momento, esta ajuda não se faz necessária".

Sérgio Cabral lamentou os estragos causados na Zona SulSeverino Silva / Agência O Dia


Sobre a reunião que o governador terá com o papa no Palácio da Guanabara, na próxima segunda-feira, Cabral afirmou que não foi detectada a necessidade de mudar o local por conta dos protestos. Ele acrescentou que, até o momento, a segurança dos líderes não estaria ameaçada

O governador afirma que continuará residindo no Leblon, mesmo com a onda de protestos na rua Aristides Espínola, onde ele mora.

Especialistas fazem críticas

Especialistas criticam a comissão criada por Cabral e as declarações do governador sobre supostas influências de organizações internacionais. “É um precedente perigoso, pois criminalizam antecipadamente um movimento legítimo e comparam manifestantes mais exaltados a bandidos”, opinou o professor de sociologia da UFF Guilherme Vargas, argumentando que as insinuações sobre infiltrações internacionais “só acirram ânimos”.

Márcio Donnici, advogado criminalista que atuou na época da Ditadura e hoje acompanha manifestações ao lado de colegas da OAB-RJ, também reprova a comissão.

“Manifestantes radicais são minoria absoluta. Se o governador tivesse convocado professores e médicos, a segurança iria melhorar”, ironizou, garantindo que o MP perderá a “função de fiscalizar”. Para o cientista político da Uerj Ignácio Cano, a comissão só será válida se “não generalizar” quem faz protestos por justas causas.

Autuados por incitação à violência

A Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática autuou dois jovens pelo crime de incitação à violência em redes sociais. Ambos negam intenção criminosa.

O administrador da página Anonymous Zona Norte, Carlos Eduardo Dezir Barbosa, técnico de informática, teria publicado “material ensinando como se fazer bomba de tinta para atingir viseiras de PMs e viaturas”, de acordo com o delegado da DRCI, Gilson Perdigão. Já Claudevan Alves dos Santos, o ‘Siamês’, teria publicado vídeos e comentários que incentivariam a violência contra a corporação.

Você pode gostar