Rio - O governador Sérgio Cabral vai se reunir com a família do pedreiro Amarildo Dias de Souza, de 47 anos, que está desaparecido desde o dia 14, após ser levado por PMs da UPP da Rocinha à delegacia para averiguação. O encontro será realizado nesta quarta-feira, às 11h, no Palácio Guanabara, na Zona Sul, e terá a presença do Secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira.
Mais cedo, Cabral disse em seu Twitter que vai mobilizar todo o governo para descobrir onde está Amarildo e identificar os responsáveis pelo seu desaparecimento. "Nada justifica o desaparecimento de uma pessoa que foi checada pelo próprio comandante da UPP como trabalhador", afirmou.
No último domingo, cerca de 40 pessoas entre parentes e amigos do homem fizeram um protesto na entrada do Parque Ecológico da Rocinha, na Zona Sul, por conta do descaso da PM para encontrar Amarildo.
Polícia apura desavença entre PM e pedreiro
Uma rixa entre um PM da UPP, que participou da operação quando Amarildo desapareceu, e o pedreiro é uma das linhas de investigação da 15ª DP (Gávea).
Os PMs, no entanto, alegam que o acharam parecido com um bandido procurado. O delegado-titular da 15ª DP (Gávea), Orlando Zaccone, enviou a foto de Amarildo para os institutos Médico-Legais do estado e vai ouvir nesta quarta-feira os parentes.
"A busca por um corpo não pode ser feita como diligência simples. Temos que trabalhar informações para irmos aos locais”, alegou Zaccone.
Filhos do pedreiro não têm o que comer
‘Hoje (terça-feira) meus filhos comeram só banana com farinha. Estamos passando dificuldade”. O desabafo é da dona de casa Elizabeth Gomes da Silva, 47, mulher do pedreiro Amarildo. Ele está desaparecido há 13 dias. O casal tem seis filhos. “Ele tinha dinheiro todos os dias para o pão. Não trabalho porque cuido das crianças”, contou Elizabeth, que está vivendo de doações.
A família de Amarildo acredita que ele tenha sido morto e suspeita que o corpo esteja enterrado na Caixa D’Água, na localidade Dioneia, no alto da Rocinha. “Disseram que viram uma pessoa com as características dele lá. Não dão mais detalhes porque têm medo. A polícia não fez nenhuma busca lá”, reclamou sobrinha de Amarildo que não quis se identificar.
Segunda-feira, fizeram uma Missa de Sétimo Dia para o pedreiro. “Só podem ter matado meu marido. Ele não era de sair, era trabalhador e não deu nenhuma notícia até agora. Vejo a roupa dele ainda suja de cimento e fico arrasada”, lamentou Elizabeth.