Por bianca.lobianco

Rio - O coronel Mauro Andrade, responsável pelo Grupamento de Policiamento de Proximidade de Multidões (GPPM), chegou na Câmara dos Vereadores, na tarde desta sexta-feira, para negociar a retirada dos manifestantes que estão dentro do plenário. O grupo invadiu a Casa mais cedo após ter se revoltado com a nomeação da presidência da CPI dos Ônibus, que indicou Chiquinho Brazão (PMDB) e não Eliomar Coelho, que foi quem propôs a Comissão. 

O deputado federal Chico Alencar (PSOL), que mais cedo se envolveu em uma confusão com um PM que o chamou para a briga, questionou o motivo de ter tanto policial dentro da Câmara sem autorização judicial. O coronel garantiu que vai reduzir o efetivo que está dentro do prédio e vai deslocar os PMs para os portões de acesso da Câmara para proibir a entrada de novos manifestantes.

Manifestantes invadem Câmara dos Vereadores após revolta com indicação de Chiquinho Brazão (PMDB) para a presidência da CPI dos ÔnibusEstefan Radovicz / Agência O Dia

O grupo que está dentro do plenário nomeou quatro pessoas para a Comissão de Segurança, criada pelos próprios manifestantes. Mauro Andrade, o deputado federal Chico Alencar, o vereador Renato Cinco (PSOL) e os quatro ativistas nomeados estão reunidos a portas fechadas.

Os manifestantes pedem que a luz seja ligada novamente; que o sinal de Internet seja reestabelecido; que eles tenham acesso aos banheiros; e que uma pessoa seja indicada para entrar e sair do local para trazer comida para o grupo quando for necessário.

O grupo só pretende deixar o plenário a partir do momento em que um representante do governo apareça para conversar com eles e dar alguma satisfação sobre a ata de reivindicações que foi entregue mais cedo para Casa.

Vereadores ficaram trancados em gabinete

Após a invasão dos manifestantes na Câmara, o clima ficou tenso. Os vereadores ficaram trancados no gabinete da presidência com receio de deixar o local. Cerca de 60 manifestantes estiveram na porta da sala. Por volta das 10h30, a Câmara fechou as portas.

O grupo que estava do lado de fora acessou o local e invadiu o gabinete de Brazão, que foi pichado e depredado. Um dos portões da Câmara foi quebrado. Os manifestantes tomaram a sala e espalharam vários cartazes perguntando "Onde está Amarildo", e indicando que "Se Eliomar Coelho não assumir a presidência da CPI dos Ônibus, o Rio vai parar". Dizeres de "Fora Cabral" e "Nem todo mundo tem helicóptero" também foram vistos nos cartazes.

Assim que os cargos da CPI foram divulgados, o público protestou e acusou os políticos de "golpe sujo". Brazão e Professor Uóston (PMDB), eleito o relator da CPI, não assinaram o requerimento de abertura da CPI e integram a base governista. Eliomar Coelho, que propôs a Comissão, foi o único, dos cinco vereadores da Comissão, que assinou o documento.

Eliomar disse que pediu a abertura da Comissão por um "clamor das ruas" e vai conversar com a população para decidir se continua na CPI.

Ministério Público questiona reunião a portas fechadas

O promotor de Justiça Flávio Bonazza, da 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Capital, enviou ofício ao presidente da Câmara de Vereadores, pedindo esclarecimentos sobre a votação, que elegeu o presidente e os demais membros da Comissão Parlamentar de Inquérito dos Transportes, nesta sexta-feira.

O promotor de Justiça, que esteve na Câmara, contou que os portões estavam fechados, o que impediu a entrada dos cidadãos que foram à Casa com o objetivo de acompanhar a votação para formar a referida CPI. Bonazza questiona o motivo de a reunião ter ocorrido a “portões fechados”, apesar de a Câmara Municipal divulgar a data da reunião em seu site na Internet e publicar um edital de convocação no Diário Oficial.

“Informo a Vossa Excelência que o subscritor deste ofício presenciou in loco que os portões estavam fechados, uma vez que compareceu a essa Casa, com a mesma intenção dos cidadãos, não obtendo êxito em assistir à reunião (...)”, destaca trecho do documento.

A Promotoria solicitou que o presidente da Câmara envie detalhes da votação e os esclarecimentos no prazo de cinco dias.

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