Por cadu.bruno

Rio - Sete manifestantes seguem acampados na Câmara Municipal na manhã desta quarta-feira, no Centro do Rio. Há onze dias ocupada, a Casa obteve nesta terça à noite da Justiça mandado de reintegração de posse. Após a decisão, dois manifestantes deixaram o local e foram substituídos por uma pessoa. Policiais militares estão no local e aguardam a chegada de um oficial de justiça para que o grupo deixe a Câmara.

"Saí nesta segunda à noite após a notícia da reintegração de posse. As pessoas (Câmara e Tribunal de Justiça) dizem uma coisa e fazem outra, não podemos confirmar que a retirada será pacifica", disse uma manifestante, de 57 anos, moradora de Niterói. 

Manifestantes seguem ocupando a CâmaraCarlos Moraes / Agência O Dia

Um outro ocupante lamentou a postura da Câmara, que entrou com recurso. "A gente quis criar um diálogo para engajar a participação política e eles pediram a reintegração de posse da Casa, que é publica, do povo, o que já é contraditório", contou.

Um outro jovem, estudante de Educação Física, também criticou a decisão. "Sabemos que cumprimos o papel que podíamos. O tempo todo abrimos o diálogo, mas parece que eles não",afirmou.

Os manifestantes também fizeram um ato simbólico ao lavarem a escadaria da Casa. "A limpeza é para expulsar as baratas do local", uma clara referêcia a Jacob Barata, grande proprietário dos consórcios de ônibus.  

Câmara dos Vereadores está ocupada há 11 diasFernando Souza/ Agência O Dia

Um grupo que está acampado em frente à Câmara desde o início da ocupação disse nesta quarta que já coletou cerca de 10 mil assinaturas em abaixo-assinado. O documento conta as reivindicações dos manifestantes sobre a CPI dos Ônibus.

Advogados do Instituto de Defensores de Direitos Humanos (DDH) informaram que vão entrar com mandado de segurança ainda nesta quarta-feira para tentar suspender a decisão de retirar os manifestantes.

Segundo Felipe Coelho, a DDH vai pedir habeas corpus preventivo para que não ocorram prisões de manifestantes na retirada. Já o advogado André Mendes acredita que não haverá violência. "Mas nunca se sabe. Na segunda à noite vimos um PM agredir uma mulher", contou.

Justiça manda desocupar Câmara

Há onze dias ocupada por manifestantes, a Câmara do Rio obteve nesta terça à noite da Justiça mandado de reintegração de posse. A decisão é do desembargador Fernandy Fernandes, da 13ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio. Ativistas tomaram a Casa em protesto contra a composição da CPI dos Ônibus, que terá a primeira audiência nesta quarta. O cumpimento da decisão prevê até mesmo o uso de força policial, se necessário.

Em seu despacho, o magistrado afirma que “não se está discutindo a legitimidade ou não de quaisquer atos de manifestação popular pacífica — estes hão de ser louvados — mas, sim, a necessidade de proteção do bem jurídico traduzido na posse do bem imóvel em tela e do patrimônio imobiliário do poder público, que é de todos e que em benefício da coletividade deve ser preservado.”

Na sessão prevista para esta quarta, no plenário da Câmara, quatro vereadores do Psol, Eliomar Coelho, Jefferson Moura, Paulo Pinheiro e Renato Cinco, e mais quatro que compõem a oposição, vão fazer a última tentativa administrativa para recompor a CPI dos Ônibus, pedindo proporcionalidade. Se isso não ocorrer, eles pretendem entrar com mandado de segurança ainda nesta quarta.

Nesta terça, a sessão foi suspensa, devido à falta de quórum. Apenas seis vereadores estiveram presentes: Vera Lins (PP), Brizola Neto (PDT) e os do Psol.

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