Rio - O histórico de críticas de moradores e comerciantes do Leblon às obras da Linha 4 do Metrô ganhou mais um capítulo. Há um mês, moradores de algumas das ruas mais caras do Rio têm convivido com vazamentos e refluxos de esgoto que, segundo eles, estariam sendo causados pelas obras subterrâneas na Praça Antero de Quental. As intervenções também seriam responsáveis por rachaduras nas estruturas de prédios. Tanto a Cedae quanto o consórcio responsável pelas obras negam a responsabilidade.
“Pequenos vazamentos começaram a surgir há cerca de um mês. Porém, nas duas últimas semanas, o fluxo aumentou e um riacho de esgoto se formou em nossa garagem”, relatou a síndica do Nº 98 da Rua General Urquiza, Maria Cristina Menezes. O vazamento de esgoto, segundo ela, veio acompanhado do surgimento de fendas e infiltrações nas paredes do edifício, além de contaminação da água consumida (o que teria sido constatado em laudo laboratorial pago pelos moradores).
Nas pias dos apartamentos, são frequentes os refluxos de água turva, com cheiro ruim. O Consórcio Linha 4 Sul, responsável pelas obras do Metrô no trecho, garante preservar as tubulações, mas confessa que em alguns casos a trepidação natural de uma obra pode danificar alguma estrutura enterrada.
Nesta quarta-feira, funcionários da obra retiravam água suja do interior de uma agência dos Correios na General Urquiza. O local estava parcialmente inundado. A Cedae, por sua vez, diz ter realizado perícia por lá e nega haver contaminação da água consumida. O problema teria sido causado por obras de terceiros. Em nota, a Defesa Civil garante ter realizado vistorias recentes na região e pede para que outros condôminos que constatem rachaduras solicitem fiscalização.
Comércio amarga prejuízos
O mau cheiro de esgoto causa prejuízos a donos de restaurantes do bairro. Nesta quarta-feira, o empresário Jorge Cantare, dono de um bar na Avenida Ataulfo de Paiva, lamentava a baixa. “Não bastassem as mudanças no trânsito e a dificuldade de acesso à praça, temos que servir comida com esse cheiro. O movimento caiu em pelo menos 60%”, garantiu. A poucos metros dali, o porteiro José Alves fazia coro ao empresário: “É impossível almoçar e, para permanecer por aqui, só com ventilador”, disse.




