Rio - Agentes da Secretaria de Segurança Pública, Polícia Civil e Ministério Público apreenderam três espingardas, duas calibre 12 e uma 28, documentos, CPU e R$ 1,1 milhão durante a Operação Parasitas, que prendeu 25 fiscais da Vigilância Sanitária, acusados de corrupção.
Segundo as autoridades, as armas estavam na casa do médico veterinário do órgão, Adolfo José Wiechmann.
A ação visava cumprir 30 mandados de prisão contra fiscais da Vigilância Sanitária que cometem, desde 2010, extorsão contra comerciantes e profissionais de diversos gêneros para não aplicar multas. Além das prisões, vasto material foi apreendido. Também foram expedidos 52 mandados de busca e apreensão.
Quadrilha movimentava R$ 500 mil
A quadrilha formada por funcionários públicos da Vigilância Sanitária Municipal chegou a movimentar cerca de R$ 500 mil por mês. Dos 30 mandados de prisão expedidos, 28 são contra funcionários públicos, entre eles um gari cedido à Vigilância Sanitária, acusados de formar um grupo criminoso para se aproveitar da estrutura do Estado e assim obter vantagens indevidas extorquindo bares, restaurantes, empresas de projetos arquitetônicos, clínicas, farmácias e outros tipos de estabelecimentos comerciais.
Policiais estiveram em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, a procura do fiscal da Vigilância Sanitária e médico veterinário Eduardo De Nigris, de 48 anos, que, segundo a investigação, é o articulador e chefe da quadrilha. Ele não foi encontrado e de acordo com informações da polícia viajou para o exterior. Para o delegado da Draco, Alexandre Capote, a prisão do fiscal é questão de tempo. "De Nigris pode ter viajado, mas vai ser preso", garantiu.
O nível de organização da quadrilha é tão grande que a presença de novos servidores na repartição preocupava os criminosos, como revelou uma escuta telefônica, de acordo com Capote. "Tem um trecho da escuta onde eles (fiscais) conversam sobre a chegada de gente nova e honesta que poderia atrapalhar a quadrilha", disse.
As investigações foram começaram há dois anos com base em uma denúncia da Secretaria Municipal de Saúde. A quadrilha instituiu uma taxa que deveria ser paga pelos empresários, caso contrário, eram aplicadas multas e punições. Dois mandados de prisão foram expedidos contra um empresário, dono de uma empresa de dedetização e um arquiteto.
Os dois atuavam em conjunto com o grupo que oferecia o serviço dos dois comparsas, além da propina, para liberação de laudos e comprovantes de regularização. Os indiciados foram autuados pelos crimes de formação de quadrilha, concussão, peculato e concurso material.
Participaram da ação 200 agentes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco/IE), agentes da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública (Ssinte), 15 equipes de delegacias da capital, 15 equipes de delegacias especializadas, além da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), oito equipes de delegacias da Baixada Fluminense e oito equipes de delegacias do Interior.
Fraudes até em crematório
Uma das fraudes que chamou a atenção foi a cometida por Evanildo de Oliveira, funcionário do Instituto Municipal de Medicina Veterinária Jorge Vaistman. A polícia afirma que ele ‘embolsava’ o dinheiro pago por pessoas que queriam cremar seus bichinhos de estimação.
Ele cobrava a taxa de R$ 181,20 pela cremação individual de animais, mas, na guia da administração do instituto, lançava o valor de R$ 10,85, referente ao serviço coletivo. A Draco informou que o prejuízo total foi de R$ 9.500 em um ano. Em uma das escutas, o denunciado Arnaldo Correa Soares avisa a empresário sobre denúncia recebida de um requeijão sem rótulo. Ele diz que a vigilância está indo ao estabelecimento e pede para ele “dar uma geral” no local.




