Por thiago.antunes

Rio - A família de Amarildo de Souza está prestes a deixar a Roupa Suja, localidade na Rocinha onde mora e onde o pedreiro foi pego antes de ser torturado e morto em 14 de julho por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade. A área é uma das mais miseráveis da favela. Nesta segunda-feira, a mulher de Amarildo, Elisabete Souza, e os filhos do casal, assinaram a escritura da casa na Rocinha onde vão morar, o que deve acontecer em 60 dias, porque a dona do imóvel ainda não o desocupou. Apesar da morte do marido, Bete não quis deixar a favela, porque quer ficar perto dos parentes. Foi ela quem escolheu a casa.

Enquanto não se muda, a família de Amarildo — sete pessoas — continua vivendo num cômodo em condições muito precárias. O dinheiro da compra do novo imóvel — R$ 60 mil — foi conseguido em um leilão organizado por Caetano Veloso e Paula Lavigne, no início do mês, em benefício da família de Amarildo, como O DIA mostrou no dia 10.

Família de Amarildo vai sair de uma das localidades mais pobres da RocinhaAlessandro Costa / Agência O Dia

No total, o evento arrecadou R$ 250 mil. Entre as obras leiloadas estavam instrumentos musicais de famosos e uma poesia de Caetano. A outra parte do dinheiro será doada ao Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos, ONG que fará estudo sobre desaparecidos no Rio.

Após quase quatro meses de espera, Bete vai receber nesta terça a pensão — um salário mínimo — que o Estado do Rio foi obrigado a pagar a ela pela morte de Amarildo. Mas o valor só foi liberado após o advogado da família, João Tancredo, pedir a prisão do secretário de Planejamento, Sérgio Ruy Barbosa. Treze PMs estão presos pela execução do pedreiro; 25 PMs respondem pelo crime.

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