Por tamyres.matos

Rio - Passavam das 20h de sábado quando o instalador de ferragens Vinícius dos Santos chegou ao Hospital Souza Aguiar, no Centro, em uma ambulância. Depois de peregrinar a tarde toda por outras unidades, ele chegara à maior Emergência da cidade em busca de uma cirurgia na mão. Horas antes, ao mexer com vidros no banheiro de casa, havia cortado dois tendões, com sangramento incessante. Porém, o sonhado atendimento só aconteceria no dia seguinte. “Médicos e enfermeiros alegaram falta de leitos e macas para acomodação e pediram que eu aguardasse por mais de quatro horas, na ambulância”, disse.

Espera cheia na porta do Souza Aguiar%2C no Centro%3A secretaria afirmou que%2C apesar da demora%2C nenhum paciente deixou de ser atendidoOsvaldo Praddo / Agência O Dia

Ele foi um dos muitos que reclamaram, durante todo o fim de semana, da longa demora por socorro e péssimas condições de espera no hospital, que operava em sua capacidade máxima. A falta de estrutura para acomodação de pacientes fez com que uma fila de pelo menos quatro UTIs móveis, com espera de até seis horas, se formasse na porta. Casos menos graves que chegavam ao local sequer foram atendidos por lá.

Na sala de espera, familiares dos pacientes viviam a mesma agonia. O vendedor André Marques se queixava pelo fato de seu filho, Philippe Marques, que havia se envolvido em um acidente de moto na Avenida Brasil, ter que esperar por mais de seis horas, sentado em uma cadeira de rodas por uma consulta com especialista. “Ele se queixa de dores pelo corpo e tem um sangramento na boca. É um desrespeito”, criticou. Já Sebastião Cruz, que levou o pai, José, com suspeita de grangrena, não sabia se ele ficaria internado ou não 15 horas após dar entrada.

JOGO DE EMPURRA

Sebastião desistiu de esperar ajuda ao pai%2C José%2C com suspeita de gangrenaOsvaldo Praddo / Agência O Dia

Alvo de críticas tão grandes quanto a demora pelo atendimento, a fila de quatro ambulâncias formada na porta da unidade causava revolta entre pacientes. “Enquanto ficam paradas à espera, poderiam estar salvando outras vidas”, disse Vinícius. Em nota, o Corpo de Bombeiros do Estado do Rio informou que 85 viaturas se encontravam disponíveis para atendimento na madrugada de sábado para domingo, somente na capital.

Já a Secretaria Municipal de Saúde reiterou ser de responsabilidade dos profissionais do GSE, Samu e Corpo de Bombeiros contatar a Central de Regulação para remanejamento de pacientes, o que não teria acontecido neste final de semana.

Em nota, a SMS também informou que, apesar da demora causada pelo atendimento em capacidade máxima da unidade, nenhum paciente deixou de ser atendido.

Mais Médicos na Baixada

Em tempos de espera por atendimento em algumas das principais unidades hospitalares do estado, o Rio recebeu o reforço de 118 profissionais de saúde estrangeiros, pelo Programa Mais Médicos, neste fim de semana. A partir do dia 4 de novembro, unidades da capital contarão com 60 novos profissionais. Caxias receberá o reforço de 20, e Belford Roxo, de oito.

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