Por thiago.antunes

Rio - Das quatro pessoas identificadas pela polícia durante operação nesta segunda-feira contra uma quadrilha especializada em desviar e vender equipamentos médicos e atuar em clínicas clandestinas, duas foram indiciadas por estelionato. Uma delas é Paulo Roberto Pereira Gomes, que se passava por médico e alugava os equipamentos. Ele também era responsável pela clínica no Rocha e tinha um diploma falsificado de biólogo. O segundo indiciado é Doracy Leal Saldanha. De acordo com agentes, ele era sócio de Paulo e seria um dos mentores do esquema. Paulo possui três anotações criminais de estelionato e Doracy, quatro pelo mesmo crime.

Clínica Popular Vida%2C no Rocha%2C tinha medicamentos controlados sem procedênciaJosé Pedro Monteiro / Agência O Dia

Policiais devem pedir a prisão preventiva da dupla durante as investigações. “Lesaram muitas empresas e, em dois meses com o espaço em Caxias, tiveram lucro de cerca de R$ 2 milhões”, estima o delegado Cláudio Vieira, da 59ª DP (Duque de Caxias). Ainda segundo agentes, os equipamentos médicos desviados e vendidos pelo grupo eram bastante caros.

“O preço de cada um era altíssimo. Só um aparelho que retira marcas com auxílio de laser custa mais de R$ 200 mil”, contou um policial, que ficou impressionado com a quantidade de medicamentos fora do prazo de validade. A funcionária que coletava sangue, detida na ação, não apresentou nenhum atestado de técnica de patologia, que a habilitaria a realizar exames.

A Clínica Popular Vida foi interditada em ação que mobilizou 50 agentes do Procon%2C Core e Polícia Civil José Pedro Monteiro / Agência O Dia

Clínica de fachada

Policiais da 59ª DP desencadearam a ação na manhã desta segunda. Uma pessoa, que seria funcionária de uma clínica no bairro do Rocha e que coletaria sangue de pacientes de forma irregular, foi detida e levada para a delegacia para prestar depoimento. Com ela, a polícia teria encontrado medicamentos com prazo de validade vencido.

Polícia apreendeu falso diploma de indiciado e remédio sem validadeJosé Pedro Monteiro / Agência O Dia

A ação, que envolveu 50 homens, entre policiais civis e agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e do Procon, também foi realizada em Benfica, onde funcionou uma clínica, e em Bangu e em Petrópolis, onde moram alguns dos acusados.

No Rocha, a Clínica Popular Vida foi fechada pelos agentes. Lá, foi encontrado vasto material médico com prazo de validade vencida, como seringas (boa parte delas vencida desde abril de 2012), agulhas hipodérmicas, bolsas de soro de glicose e medicamento controlado sem procedência. “Deveria ser chamada de Clínica Popular Morte, pois não tinha nenhum cuidado com o paciente”, observou um policial civil.

As investigações, iniciadas há cerca de oito meses, revelaram que o local não tinha alvará para funcionamento e os funcionários não eram capacitados para atender os pacientes. Uma funcionária do grupo, que descobriu o esquema, denunciou o bando.

“O grupo montava clínicas ilegais usando médicos sem habilitação. A clínica do Rocha foi interditada hoje (ontem) e a de Benfica já estava fechada. Eles alugaram um espaço em Caxias com a desculpa de reativar uma antiga maternidade, mas nesse lugar recebiam aparelhos alugados, como o de mamografia, e vendiam por um valor mais baixo”, disse o delegado Cláudio Vieira, que não descarta a possibilidade de os aparelhos serem vendidos para outros países.

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