Por thiago.antunes
Rio - O treino de tiros para policiais militares de unidades operacionais, esquecido há mais de um ano, voltará ao cronograma da corporação em 2014. A partir de janeiro, 800 homens serão submetidos à avaliação do Centro Integrado Especializado em Armamento e Tiro (Cieat), que testará pontaria e agilidade. Os reprovados passarão por reciclagem de até duas semanas no Cieat, em Sulacap. Na segunda-feira, O DIA mostrou que PMs estão tirando dinheiro do próprio bolso para treinar tiros em espaço particular em Mesquita, na Baixada.
O projeto foi idealizado pela Diretoria Geral de Ensino e Instrução (DGEI), com objetivo de reduzir os tiros em operações policiais. Seguindo essa lógica, os primeiros avaliados pertencem ao efetivo do 7º (São Gonçalo) e do 41º BPM (Irajá), batalhões com maior índice de tiros no primeiro trimestre deste ano (período analisado) em áreas com indicadores significativos de violência letal, segundo levantamento do Estado-Maior da PM.
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“Nós identificamos essas unidades e estabelecemos prioridades para iniciar esse programa. Vamos aferir se o efetivo está capacitado para fazer uso de arma de fogo”, explicou o coronel Antonio Carlos Carballo Blanco, comandante do DGEI.
A ideia é estender a proposta a todos os batalhões do Rio, por tempo indeterminado, e identificar causas que podem levar PMs a atirar em demasia. Segundo Carballo, a análise irá levar em consideração a técnica de manuseio e o disparo, bem como o estado de saúde físico e mental dos PMs.
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Na primeira etapa, os policiais farão uma sequência de disparos com a pistola. Apenas os aprovados passarão para a segunda etapa, com o uso de fuzis. A previsão é que todos os policiais dos batalhões de São Gonçalo e Irajá sejam submetidos à avaliação de performance até fevereiro de 2014. “Vamos avaliar a rapidez e a precisão para que o policial possa ser considerado apto para fazer uso das armas”, contou o coronel.
De acordo com Carballo, o programa de treinamento de tiro ficou inativo porque precisou passar por uma reformulação. Neste ano, a Polícia Militar priorizou a preparação dos policiais que passaram a integrar Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). “Agora, vamos dar mais atenção aos policiais das unidades operacionais”, disse Carballo.
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‘Atirar é como andar de bicicleta’
Para Carballo, policiais militares que pagam do próprio bolso para treinar a mira, como ocorre no estande de Mesquita, são motivados pelo prazer em atirar. “Não acredito que é uma questão de necessidade ou porque os policiais se sentem inseguros. É como um hobby. Fazer uso de arma de fogo é como andar de bicicleta, do ponto de vista técnico. Quem aprende, não esquece”, argumenta.
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Os policiais do 41º BPM serão submetidos à análise de performance de tiros de pistola no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cfap), em Sulacap. Os PMs do batalhão de São Gonçalo irão atirar no Clube de Caça e Tiro Nacional, no bairro Santa Isabel, que mantém uma parceria com a corporação. Na segunda etapa, com tiros de fuzil, os testes serão feitos no Cfap, onde há estandes específicos para treinos com arma de grosso calibre.
No ano passado, quando a PM ainda oferecia treino de tiros aos policiais das unidades operacionais na volta das férias, cada praça tinha direito a apenas dez tiros. “Era genérico, sem uma preocupação com o contexto onde o policial estava trabalhando”, lembra o coronel.
Neste ano, apenas 10 mil policiais que integram as unidades especializadas tiveram treinos de tiro nos esdandes da corporação.
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