Por tamyres.matos
Rio - O senador Randolfe Rodrigues, do Psol do Amapá, tem 41 anos. Mas aparenta 30 e entra em cena como pré-candidato a presidente com o discurso de esquerda que petistas tiveram num passado longínquo. A seu lado, Randolfe gostaria de ter como candidata a vice a ex-deputada federal Luciana Genro, também do Psol — partido, aliás, formado por dissidentes do PT.

Ela ainda não respondeu, mas o senador já decidiu que sua chapa será anunciada oficialmente no Rio. O estado terá papel fundamental em sua campanha muito por conta do desempenho do deputado estadual Marcelo Freixo na campanha para prefeito de 2012. “Queremos transformar o Rio na nossa fortaleza”, disse o senador nesta quinta-feira, em visita ao DIA.
Senador e pré-candidato do Psol à presidência da República%2C Randolfe Rodrigues%2C na redação do DIAFabio Gonçalves / Agência O Dia

ODIA: Os defensores do governo da presidenta Dilma Rousseff afirmam que ela obteve êxito na área social. Qual a sua opinião?

RANDOLFE RODRIGUES: O Bolsa Família, por exemplo, é um programa de transferência de renda, mas ele transfere 0,3% do PIB. É um programa importante no combate à miséria, mas não tem sustentabilidade nesse combate. Um grande programa de combate à miséria é a Seguridade Social. A Previdência Pública transfere 8% do PIB para a distribuição de renda.
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Ainda existe espaço para uma reforma agrária?
Não temos espaço, temos necessidade. O governo da presidenta Dilma assentou menos que o último governo da ditadura. Somos um dos países com maior concentração de latifúndios, e isso tem relação direta com o preço dos alimentos.
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O governo do PT é ou já foi de esquerda?
Em 2002, pelo conjunto das variadas forças que levaram (o ex-presidente) Lula ao poder, esse espírito da esquerda esteve em disputa. Mas, hoje, houve uma opção clara pela velha política, pelo agronegócio e pelo cumpliciamento com empreiteiras. Fui membro da CPI que identificou os negócios de Carlinhos Cachoeira e da empreiteira Delta. Essas foram as maiores vergonhas da história do Congresso. Mas tiveram um sentido didático, porque eu compreendi, detalhadamente, como funcionam as entranhas desse cumpliciamento do público com o privado. O governo se converteu a esse jogo e acha normal a governabilidade instaurada pelo PMDB.
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Como se governa sem o PMDB?
Com exceção do senador Pedro Simon, além de outros poucos, o PMDB orgânico não terá espaço em nossa governabilidade. A chance que o povo nos dará é a chance de governar o país sem o PMDB.

Mas isso é viável?
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É possível, é necessário governar sem ele. Existem outras formas de governabilidade. Governar com o PMDB significa entregar a Petrobras, os ministérios, os contratos milionários e entregar o governo às empreiteiras. A gente pode dizer ao povo brasileiro que queremos governar sem o PMDB, e isso é viável se o presidente da República estabelece um diálogo com a população. A nossa campanha é para ganhar a eleição para presidente da República, mas é também para eleger senadores e deputados.
Qual a perspectiva para aumentar as bancadas?
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É uma de nossas prioridades, em especial aqui no Rio. Temos um olhar voltado aqui para o Rio. Um de nossos comitês de campanha vai ser aqui no Rio não à toa, pelo desempenho de Marcelo (Freixo) na última eleição para a prefeitura. (No ano em que Eduardo Paes foi reeleito prefeito com 64,6% dos votos, o deputado estadual do Psol ficou em segundo lugar, com 28,1%. O terceiro colocado, Rodrigo Maia, do DEM, teve 2,94%).

Aqui é um dos focos para aumentarmos nossa bancada na Câmara e também para termos uma representação maior na Assembleia Legislativa. Por isso, Marcelo (Freixo) é candidato a deputado estadual para termos uma bancada maior na Assembleia Legislativa e por isso o Chico (Alencar) e o Jean (Wyllys) são candidatos a deputado federal para, pelo menos, dobrarmos nossa representação do Rio de Janeiro na Câmara.
Como serão as alianças do Psol?
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O foco nacional das alianças é com o PSTU e o PCB. As alianças estaduais que saiam do foco da agenda nacional serão analisadas pela direção do partido.
De quem é a vaga de vice do sr.?
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Convidei (a ex-deputada federal) Luciana Genro (Psol). Até o dia 20 de fevereiro teremos uma resposta. O lançamento de nossa chapa será no Rio. Queremos transformar o Rio na nossa fortaleza.
Reportagem: Eduardo Miranda e Paulo Henrique de Noronha, do Brasil Econômico, e Rozane Monteiro, do DIA
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