Por adriano.araujo, adriano.araujo
Rio - A pouco mais de um mês para o Carnaval, uma dúvida preocupa a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa): qual será o caminho que os carros alegóricos farão da Cidade do Samba até a Marquês de Sapucaí? A apreensão se justifica, afinal, as diversas obras na Região Portuária ainda estão levantando poeira. A Rua Rivadávia Corrêa, por exemplo, é a melhor opção para a saída dos veículos dos barracões, mas ela está parcialmente fechada para a construção da nova rede de drenagem de águas pluviais e só deve ser entregue no dia 25 de fevereiro, apenas cinco dias antes do primeiro dia do desfile do Grupo Especial.

O diretor de Carnaval da Liesa, Elmo dos Santos, explicou que, na verdade, o comboio de carros alegóricos começa a sair da Cidade do Samba por volta da meia-noite de sábado. “Já está muito em cima. O plano ‘A’ é sair pela Rivadávia. A Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro prometeu entregar em tempo hábil, mas a gente tem acompanhado que algumas obras estão atrasando, o que é até normal. Por lá, a coisa anda meio complicada. A gente não consegue nem usar o nosso estacionamento por causa das obras. Este negócio de saída dos carros alegóricos é sempre uma preocupação para gente e também para os carnavalescos”, disse Elmo do Santos.

Obras fecham a Rua Rivadávia Corrêa%2C na saída da Cidade do Samba%2C por onde devem passar os carros alegóricos das escolas de samba do Grupo Especial na ida para a SaFabio Gonçalves / Agência O Dia

Oficialmente, a CET-Rio informou que o trajeto ainda não está definido, mas o diretor da Liesa adiantou que já aconteceram várias reuniões com os órgãos governamentais envolvidos. Inclusive, o caminho que possivelmente será usado já foi percorrido. “Deve ser assim: os carros saem pelo portão da Rivadávia, depois pegam a Binário, direto até a Praça Mauá. Aí, é pegar a Rio Branco e a Presidente Vargas”, contou.

Em nota, a Cdurp garantiu a entrega da obra da nova rede de drenagem de águas pluviais para o dia 25 de fevereiro. O órgão lembrou ainda que o trabalho não está atrasado.
Publicidade
No local, o único movimento de carros era o de tratores, escavadeiras e caminhões. O acesso da Rivadávia à Via Binário, inclusive, estava fechado por tapumes. A equipe de reportagem do DIA ouviu alguns operários e o discurso era sempre o mesmo: sim, dá tempo de sobra para entregar as obras antes do carnaval.

“Bem, o que resta é a gente acreditar na palavra deles, né?”, completou Elmo dos Santos, lembrando que o tempo fica cada vez mais curto e que ainda é preciso fazer várias intervenções nas ruas e avenidas. Entre elas, o levantamento da fiação de luz no caminho das alegorias para evitar que encoste nos carros alegóricos e cause acidentes.

Passagem pelo Túnel da Binário do Porto preocupa União da Ilha do Governador

?A preocupação do carnavalesco da União da Ilha, Alex de Souza, era se os carros alegóricos passariam dentro do túnel da Binário. “Passei por lá esses dias e fiquei olhando. Eu acho que dá para passar, mas o medo é na hora das curvas. Porque aí fica mais apertado, né? Não me parece que vai ter problema com altura não, mas a questão da largura e da profundidade vai precisar ser vista com cuidado”, disse.

Alex lembra que a Liesa orienta que os carros alegóricos tenham no máximo 5,5 metros de altura quando saem da Cidade do Samba. Já a largura é um pouco maior: 8,5 m. “Esta é a medida máxima para o trajeto até a concentração. Lá a gente ainda pode acoplar, entende? Aí, o carro fica maior na hora de entrar no Sambódromo e pode chegar a 10m de altura”.

Para evitar surpresas desagradáveis no caminho, o carnavalesco contou que vai procurar saber os detalhes das vias que serão usadas. “Se tiver algum problema vai ser na rua. Acho que esta questão dos portões está resolvida. Afinal, vai ter que sair de algum jeito, ué”, concluiu.

Em outro ponto da Rivadávia Corrêa%2C os trabalhos chegam a fechar totalmente a passagem. Operários confiam em cumprir o cronogramaFabio Gonçalves / Agência O Dia

Campeã não vê problemas

?Campeã no ano passado com a Vila Isabel, a veterana carnavalesca Rosa Magalhães vai assinar este ano o desfile da Mangueira. Conhecedora da Cidade do Samba, ela discorda que o melhor portão para a saída dos carros alegóricos seja o da Rua Rivadávia Corrêa. “Ué, tem uma saída que vai dar direto na Binário. Dá para usar ela perfeitamente. Já sai de uma vez só, nem precisa dar volta”, avalia.
Publicidade
Rosa diz que a apreensão sobre o trajeto é natural, uma vez que a região passa por muitas mudanças. Mas está otimista em relação a isso: “No final, dá tudo certo. Vai tudo se resolver. Acho que vai ficar até melhor.” Porém, não esconde que a preocupação maior vai ficar por conta das escolas que desfilam no domingo de Carnaval.
“Quem sai primeiro vai sofrer mais. Porque, se der algum problema com elas, as outras escolas ainda podem resolver a questão”, considerou. O diretor da Liesa, Elmo dos Santos, porém, está um pouco mais tenso. Entre os motivos, as chuvas que também podem atrapalhar, segundo ele. “É tudo muito novo. A região está ficando com outra cara. A gente acha até que vai melhorar, mas esta é a primeira vez. É o teste. E aí acaba sendo natural toda esta apreensão. Normalmente, o trajeto é definido muito perto dos desfiles, mas acho que este ano a coisa podia ser feita antes. Para acalmar os ânimos”, completou.
Publicidade
Publicidade