Por thiago.antunes

Rio - O deputado estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, Marcelo Freixo (PSOL), convocou uma entrevista coletiva, nesta segunda-feira, para responder às acusações de que teria ligação com o rapaz que acendeu o rojão que atingiu e provocou a morte do cinegrafista da TV Bandeirantes, Santiago Andrade. Freixo negou qualquer ligação com os autores, frisando que ações violentas não o representam.

"Sou a favor das manifestações, as quais sempre frequentei desde muito novo, mas a violência de qualquer espécie e de qualquer grupo, não representa minha política. O rapaz me conhece de onde? Votou em mim? Conversamos pelo Twitter, pelo Facebook? Tudo isso vai ficar mais claro quando ele for preso, o que deve acontecer em breve. Nada justifica o que aconteceu com o Santiago, mas a sociedade não pode achar que o fim das manifestações representa o fim da violência. Bombas são artefatos que não podem ser usados por nenhum dos lados", disse.

Freixo%3A 'Qualquer ação violenta de qualquer grupo não me representa'Carlo Wrede / Agência O Dia

O deputado também declarou que a ativista Elisa Quadros, conhecida como Sininho, entrou em contato com ele por um número acessível a qualquer cidadão.  A suspeita de ligação do parlamentar com os autores do ataque foi levantada após um telefonema de Elisa ao estágiário de direito Marcelo Mattoso, que trabalha na defesa de Fábio Raposo, detido por ter passado um rojão ao autor do ataque.

"Ela me contatou por um número que qualquer um pode acessar e revelou que tinha medo de uma possível tortura ao Fábio. Se este fato absurdo tivesse ocorrido, poderíamos ter adotado as medidas. Não ofereci auxílio-jurídico para ela pelo simples fato de a Comissão de Direitos Humanos não ter este tipo de serviço. Não tenho nenhuma ligação política com ela e só conversamos uma ou duas vezes, sobre episódios em que a PM se excedeu nas manuifestações como falei com diversos ativistas", revelou Freixo.

Segundo o estagiário, na ligação ocorrida na manhã deste domingo, Elisa teria oferecido advogados criminalistas para ajudar Fábio. Mattoso então teria passado o celular para o advogado do caso, Jonas Tadeu. Segundo Tadeu, Sininho teria dito a ele que o autor do ataque ao cinegrafista seria ligado a Marcelo Freixo. O advogado defendeu o ex-deputado Natalino Guimarães, acusado  de comandar uma milícia na Zona Oeste, e teve seu mandato cassado na CPI das Milícias, presidida por Freixo.

Fábio Raposo%2C que passou rojão a suspeito de ferir cinegrafista%2C chega à 17ª DP%2C de São Cristóvão. Ele foi indiciado por tentativa de homicídioCarlos Moraes / Agência O Dia

"Advogar para quem quer seja não faz dele uma pessoa desonesta, mas friso que a intenção de fazer um termo circusntancial sem argumento, quando existe histórico entre as partes, pode indicar a predisposição a alguma coisa", afirmou Freixo, que reiterou que recebeu desculpas públicas de Jonas Tadeu em um programa de rádio pela manhã.

Sobre os protestos, o deputado afirmou que considera negativa qualquer mobilização em que a imprensa não se envolver. "A presença (da imprensa) é fundamental no processo democrático em qualquer ato. A cobertura é fundamental e os jornalistas devem ser tratados com respeito. Oriento a meus eleitores e a quem quer que se sinta representado por mim a dialogar de forma pedagógica com qualquer outro grupo. A comissão não presta serviços somente aos manifestantes. A equipe esteve no Souza Aguar com a família do Santiago em que ele foi atingido, com a família da soldado Alda no Complexo do Alemão na semana passada", reforçou.

Outra manifestação contra o aumento nas passagens de ônibus está marcada para às 17h desta segunda-feira, mas Freixo acredita que o momento não é adequado para a realização do ato. "Até que os ânimos se acalmem, a situação é de luto pela perda do Santiago e em respeito a dor da família", finalizou.

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