Rio - A Polícia Civil divulgou nesta quinta-feira o balanço da operação na Vila Kennedy, comunidade em Bangu, na Zona Oeste do Rio, que foi ocupada nesta manhã por policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) como um processo para a instalação da 38ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do estado. Até o início da tarde, nove prisões haviam sido realizadas, sendo três delas em cumprimento de mandados de prisão: uma mulher por tráfico, um homem por receptação e outro por ameaça e injúria. Além disso, seis pessoas foram presas em flagrante, dentre elas um menor de idade.
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Em apoio à ocupação na Vila Kennedy, a Polícia Militar e a Polícia Civil deflagraram 22 operações simultâneas em comunidades dominadas pela mesma facção criminosa. O traficante Robson Luís Borges, conhecido como Robinho da Vila Kennedy, foi preso por policiais da UPP do Complexo do Lins. Ele tinha oito mandados de prisão pendentes por roubo e é acusado de assassinar um policial civil no bairro do Grajaú, em julho de 2012.
No Morro do Chapadão, dois homens foram presos em flagrante e um menor, apreendido. Nas comunidades Antares e Rola, na Zona Oeste, seis pessoas foram detidas com drogas e cinco rádio-transmissores.
Ao todo, 80 pessoas foram detidas desde o início das operações realizadas pelas polícias Militar e Civil, desde a última sexta-feira. Neste período, 46 armas foram apreendidas, dentre elas dois fuzis e 27 pistolas, 1.562 munições e uma grande quantidade de drogas.
Durante o confronto, seis pessoas morreram, inclusive um menor de idade; e pelo menos cinco ficaram feridas. Oitenta pessoas foram detidas e levadas para averiguação.
Moradores poderão ser revistados
Em nota, a polícia pede a colaboração dos moradores dessas comunidades na denúncia de criminosos, esconderijos e locais onde possam estar guardadas armas, drogas, objetos roubados e outros produtos ilegais. Os moradores podem ligar para o Disque-Denúncia: 2253-1177, ou para o190 da Polícia Militar.
Além disso, todos os moradores devem andar com documentos de identificação e os motoristas e motociclistas serão solicitados a mostrar documentos de propriedade de seus veículos, bem como a Carteira Nacional de Habilitação em dia. No caso das motos, também será exigido o uso de capacete.
'Não vamos admitir que policiais continuem morrendo', diz Beltrame
O secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame disse, na manhã desta quinta-feira, que não irá admitir que policiais continuem morrendo por conta de traficantes de facções criminosas. “Tenho responsabilidade sobre esses policiais, não vamos admitir que eles continuem morrendo, embora semana passada tenhamos perdido dois policiais e a pauta era coleta do lixo.”
Após a ocupação da Vila Kennedy ter sido realizada pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) em apenas 20 minutos, sem troca de tiros, o secretário disse que as repressões violentas contra civis e militares são um verdadeiro ato de terrorismo contra o estado. Com a ocupação, a Vila Kennedy se tornará a 38ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) a ser instalada pelo governo.
"Nós entendemos que essas ações são um verdadeiro terrorismo contra o estado. Contra agentes públicos, contra civis e militares. Tudo isso para aterrorizar pessoas que estão tiranizadas por esse grupos criminosos", afirmou Beltrame.
Questionado sobre uma suposta reunião entre traficantes do Comando Vermelho na qual teriam sido definidos ataques a delegacias e UPPs, Beltrame afirmou que o Setor de Inteligência recebeu a denúncia mas não houve confirmação da existência do encontro.
Das áreas pacificadas, apenas seis não eram dominadas pelo CV: Batan (milícia), além de Coroa, Caju, Macacos, São Carlos e Rocinha (Amigos dos Amigos. “O planejamento não é feito por facções. Até dezembro, o número de comunidades atendidas chegará a 40”, prometeu Beltrame ao ser indagado por que nenhuma área do Terceiro Comando Puro foi ocupada. Favelas de Senador Camará e da Maré são algumas do TCP.
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Ele acrescentou que nesta quinta-feira, outras 22 operações estão sendo realizadas nas comunidades em vários pontos da cidade. A ocupação da Vila Kennedy culminou na prisão do traficante Robinho da Vila Kennedy, responsável por assassinar um policial civil no ano passado.
"As pessoas que moravam em comunidade não tinham segurança, agora têm. Nós estamos fazendo a segurança dessas pessoas. Se o projeto de inteligência da cúpula de segurança for cessado, será uma perda inevitável para a cidade. Nós fizemos um planejamento, há cinco anos, para ocuparmos 40 áreas que oferecem risco à população", disse o secretário.
Segundo a secretaria de Segurança, a ocupação já havia começado no último domingo, quando policiais militares estavam ocupando parcialmente a área.
Questionado se todas as 37 UPPs apresentam problemas, Beltrame foi enfático em dizer que apenas duas apresentam um risco maior de segurança: Rocinha e Complexo do Alemão. "Mais pelas questões topográficas", disse ele. "Nós estamos tirando o território desses traficantes. Antes prendíamos o chefe do tráfico e no dia seguinte já tinha outro no lugar. Agora sem o território eles são obrigados a se deslocar para outros pontos, facilitando o serviço de inteligência da polícia", concluiu.
Por volta das 11h30 desta manhã, as bandeiras do Brasil e do estado do Rio foram hasteadas por policiais civis, militares e bombeiros durante cerimônia no campo Leão XIII, onde será instalada a próxima UPP do estado. O comandante da PM e o Secretario de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, que estão no Centro Integrado de Comando e Controle, acompanharam o ato simbólico.
38ª UPP poderá ser inaugurada no próximo dia 25
A ocupação, que começou por volta das 5 horas, contou com 270 policiais do Bope; do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque); do Batalhão de Ações com Cães (BAC); 14º BPM (Bangu); Batalhão de Vias Especiais (BPVE) e Grupamento Aeromóvel (GAM), além de policiais da Corregedoria Interna da PM. O Choque ocupou o lado sentido Zona Oeste da Avenida Brasil da comunidade e o Bope ficou no sentido Centro. A expectativa é que a UPP seja inaugurada no próximo dia 25.
O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, solicitou a cooperação da população de Vila Kennedy. "Pedimos a colaboração dos senhores para que ajudem a polícia. Nesse primeiro momento talvez seja um pouco mais de inquietação, mas em breve a comundade toda vai viver dias melhores"
Moradora da Vila Kennedy há 18 anos, Maria Quirina, 52, espera que a comunidade viva novos tempos."Espero que a paz se faça presente aqui. Já vi muita cena de violência e espero que isso se encerre".
Mais de oito mil alunos sem aulas
A operação fez com que as aulas desta quinta-feira das 17 unidades da rede municipal que ficam na Vila Kennedy e no entorno foram suspensas pela Secretaria de Educação. Com isso, 8.227 alunos ficarão sem aula. Segundo a prefeitura, todo o conteúdo será reposto em outra data, ainda não divulgada. A medida foi tomada para a segurança de alunos e funcionários das escolas e creches durante a operação policial.
Com a chegada da UPP, os quase 23 mil habitantes da região sonham com melhorias na comunidade. Entre os pedidos mais urgentes em páginas sobre a Vila Kennedy nas redes sociais estão a regularização da coleta de lixo, que fica exposto nas ruas e provoca a proliferação de insetos e doenças. “A Comlurb recolhe quando quer, mas a gente não tem como evitar juntar lixo. Vou guardar lixo em casa? Pior: as moscas e baratas entram e a gente não sabe o que fazer”, reclamou a auxiliar de serviços gerais Estela Maria de Jesus.
Na Internet, alguns moradores também cobram a ausência de médicos na UPA local. Entre outros pedidos dos moradores estão o aumento do número de transportes públicos, principalmente ônibus, que atendam a região nos finais de semana. Para as crianças e adultos, melhorias e criação de áreas de lazer e entretenimento. Eles reclamam que o teatro está fechado e nas praças os brinquedos e aparelhos de ginástica para os idosos, por exemplo, não estão em boas condições.
Modelo tipo exportação
O Legislativo da Argentina deverá votar em breve projeto sobre a criação, em favelas de Buenos Aires, de unidades inspiradas nas UPPs. A informação é do jornal ‘La Nación’. Será necessário o apoio de 1,5% da população local. Enquanto isso, o programa UPP Social acaba de conquistar o prêmio ‘Scroll of Honour’. O programa é coordenado pelo IPP em uma parceria com o ONU-Habitat – o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos