Por bianca.lobianco

Rio - ‘Vocês vão me ver pouco no Palácio. Estarei pelos municípios”. Com a promessa de nove meses de governo atuante, o governador Luiz Fernando Pezão tomou posse nesta sexta-feira anunciando as primeiras medidas. Em cerimônia de transmissão do cargo no Palácio Guanabara, disse que pedirá à presidenta Dilma Rousseff R$ 6 bilhões em empréstimos: R$ 3 bilhões para a Cedae iniciar obras de expansão da rede de abastecimento Guandu 2; e outros R$ 3 bi para as obras de expansão da Linha 4 do metrô: “Vamos universalizar 100% da água na Baixada”.

Pezão e Sérgio Cabral na cerimônia de transmissão do cargoFabio Gonçalves / Agência O Dia

A região terá atenção especial do novo governador: ele inaugura hoje em Nova Iguaçu seu gabinete itinerante, conforme anunciado pelo DIA: “Vamos asfaltar 66% das ruas da Baixada, serão 950 Km de asfalto”. Pezão afirmou nesta sexta que instalará internet gratuita em seis municípios, seguindo o projeto Cidade Digital, iniciado em 2004 em Piraí. Quatro cidades estão confirmadas: Paraty, Bom Jesus de Itabapoana, Aperibé, Varre-Sai.

Segurança

Neste sábado, Pezão assinará a Garantia de Lei e Ordem, para que as Forças Armadas participem da ocupação da Maré. Ele garantiu que manterá a política de segurança nos seus nove meses de mandato. Foi justamente se apoiando na política de pacificação e em um discurso de mais de 30 minutos que Sérgio Cabral transmitiu o cargo para Pezão: “Acabamos com o acordo tácito que existia entre poder público e criminosos. Quantas ruas, bairros e comunidades foram libertados?”

Na sua despedida, Cabral destacou a aproximação e diálogo com o governo federal e a adoção de política de cotas em concursos públicos como conquistas de seu governo. Sem adiantar qual será sua candidatura — a senador ou deputado federal —, Cabral ressaltou o trabalho de seu sucessor e candidato nas próximas eleições: “Que honra ter o Pezão ao meu lado, um homem humilde, que foi vereador, prefeito”.

Pezão retribuiu elogios: “Você mexeu em todas áreas, segurança, saúde, cultura, educação. UPPs, UPAs, Lei Seca. Você foi ao Lula e à Dilma e tiramos tudo do papel. Esse estado não pode deixar de ser vanguarda”, destacou Pezão. Nem tudo foi festa: à noite um grupo fez protesto em Laranjeiras, nas imediações de onde Pezão passará a despachar diariamente.

Foco em segurança, inclusão digital, saneamento e saúde

Luiz Fernando Pezão assumiu oficialmente o governo do estado ontem pela manhã, na Assembleia Legislativa (Alerj), antes da cerimônia no Palácio Guanabara. Confessadamente “nervoso e inquieto”, Pezão conteve as lágrimas ao ouvir a leitura do termo de posse, feita pela deputada Graças Matos (PMDB), ao lado da mulher, a agora primeira-dama do estado, Maria Lúcia Jardim. A chegada ao posto recebeu a bênção do Cardeal Arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta.

Na saída, Pezão elogiou seu antecessor, Sérgio Cabral: “Cabral é a pessoa mais generosa que já conheci. A intenção do meu governo é dar continuidade ao trabalho já feito nas áreas de segurança pública, inclusão digital, saneamento e saúde”.

Na Alerj, Pezão abordou a polêmica trazida com o pedido do governo paulista, Geraldo Alckmin, para desviar águas do Rio Paraíba do Sul no Sistema Cantareira, que abastece a Região Metropolitana de São Paulo. “No que depender de mim, São Paulo não usará as águas. Consultaremos técnicos e faremos o possível para não perder esses recursos”, disse.

Mais tarde, no Palácio Guanabara, Pezão fez alusões a dois adversários nas urnas este ano — Anthony Garotinho e Lindbergh Farias —, ao rebater críticas de que faz um governo elitista. “É cascata quem diz que governamos para a elite, que nossos trens estão sucateados. Hoje, temos cem trens com ar-condicionado. As obras da Linha 4 do metrô não são para elite. São para a população, para quem vem de longe”, disse o novo governador.

‘O Rio faliu’, diz Lindbergh

O senador Lindbergh Farias, pré-candidato do PT ao governo do estado, atacou os ex-aliados Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão em discurso na sede do partido, no Centro do Rio. O senador fez um balanço dos sete anos e meio do governo Cabral, do qual foi parceiro em quase todo este período: “O governo teve avanços, sobretudo no primeiro mandato, com o início das UPPs e das UPAs, só que os investimentos cessaram. A violência aumentou assustadoramente, e faltam médicos nas unidades de saúde. Viver no Rio virou um inferno. A desigualdade só aumentou”.

Lindbergh disse que o estado vive grave desequilíbrio fiscal e que antecipou mais de R$ 9 bilhões em receitas do pré-sal, cuja exploração ainda não se iniciou. “O Rio faliu. PT e PMDB fizeram uma aliança que gerou recursos para o estado, que não os investiu na totalidade. Não foi uma aliança ideológica, porque aqui se cuida apenas do Rio que sai no cartão-postal. Não se cuida da Baixada, do interior e de São Gonçalo. Precisamos governar para o povo, fazer no Rio o que o Lula fez no Brasil. Esta é a marca do PT”, disse.

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