Por thiago.antunes

Rio - O golpe de 1964 completou 50 anos na última semana e a redemocratização está prestes a atingir os 30. Mesmo assim, ainda é possível sentir os efeitos do regime militar. O cientista político Milton Pinheiro, organizador da coletânea ‘Ditadura: o que resta da transição’, que será lançada esta semana, fala sobre o tema.

— O que resta da transição da ditadura para o estado democrático?

— Muita coisa. O Estado brasileiro continua autoritário de várias maneiras. Talvez a mais visível seja a forma como a polícia militar muitas vezes enxerga o cidadão. No caso Amarildo, por exemplo, foram usadas práticas bastante parecidas com as utilizadas durante a ditadura: a polícia prendeu, torturou, matou e ocultou o cadáver.

— Por que isso ainda acontece aqui ?

— No Brasil a transição foi acertada entre os militares e uma parcela privilegiada da população. O povo ficou de fora do processo. Isso garante, até hoje, um cenário cultural que dá tranquilidade para quem participou ou apoiou aquele período. Basta ver que ainda há pessoas que pedem a volta da ditadura e militares que, mesmo admitindo ter torturado e matado, voltam para casa e levam uma vida tranquila. Em países como a Argentina, por exemplo, os torturadores acabaram presos.

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