Por bferreira

Rio - A Semana Santa serviu como teste para a chegada e saída de turistas a 52 dias do início da Copa do Mundo. Aeroportos e rodoviária ainda não se adequaram ao ‘padrão Fifa’ e apresentam problemas de estrutura como esteiras e escadas rolantes que não funcionam, goteiras, ar condicionado que não dá conta de refrescar todo o saguão, elevadores parados e sobrecarregados, falta de forros nos tetos, entre outras falhas.

Aeroporto Tom Jobim está abandonadoPaulo Araújo / Agência O Dia

O Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim (Galeão), na Ilha do Governador, é o que está pior. O conforto passa longe do local, que coleciona reclamações. Na Sexta-feira Santa, um curto-circuito na subestação principal foi, segundo a Infraero, a causa do apagão que durou 15 minutos e provocou atraso em 11 voos.

“Estamos praticamente às vésperas da Copa e o Tom Jobim está distante do ideal. Numa parte do saguão faz muito frio. Em alguns pontos, muito calor. Vamos passar vergonha”, diz o passageiro Antônio Teixeira, 65, em trânsito para Salvador, na Bahia.

Os problemas são vistos logo do lado de fora do aeroporto. No Terminal 1, próximo às portas do acesso C, há pelo menos dois buracos no piso de desembarque de passageiros que chegam de carro. Ali mesmo, é possível perceber fiações expostas no teto.

Do lado de dentro, mais abandono. Em um banheiro masculino, dois mictórios estão entupidos e outros com remendos nas instalações. No mesmo espaço, quatro pregos expostos representam risco a passageiros. No chão do saguão, próximo às filas de embarque de voos internacionais, gotas d’água do sistema de ar pingam sobre as pessoas.

“É difícil andar num aeroporto com goteiras. Além disso, há filas para entrar no elevador. Imagina durante a Copa? Como o local vai suportar a grande quantidade de turistas?”, indagou o vendedor Tiago de Brandão, 30, que, ao lado da namorada, a fisioterapeuta Lídia Pereira Santos, 29, tentava utilizar uma das seis esteiras do aeroporto. Cinco delas estavam interditadas e apenas uma funcionava.

“A Copa já está batendo na porta e o aeroporto ainda está em obras. Esse é o Brasil!”, esbravejou a gerente comercial Fábia Rodrigues, 40, que não pôde utilizar a esteira e teve que andar mais de 500 metros de um terminal ao outro empurrando um carrinho de bebê.

Descaso na terra e no ar

No Aeroporto Santos Dumont, o descaso começa do lado de fora. Plataformas de desembarque estão esburacadas e o teto da fachada do aeroporto tem infiltrações.

Dentro do saguão, mais reclamações. Na entrada principal, o sistema de iluminação só é ligado por volta das 18h. Ontem, às 17h25, com o céu nublado, o espaço estava escuro. “Estão economizando luz”, reclamou um passageiro que circulava pelo local.

O sistema de ar condicionado também não é satisfatório. Para amenizar o calor, foram instalados pelo menos 15 climatizadores e outros dois foram colocados nos corredores do saguão. “Na Copa do Mundo, com aquela multidão, vai ser um inferno. O climatizador não dá conta”, disse a contadora Elisa Monteiro, 47 anos.

Na Rodoviária Novo Rio, o saguão do primeiro andar ainda está em obras e o teto, sem forro, deixa as fiações evidentes. O ar condicionado também é precário. “Vim buscar uma tia e me assustei com o cenário. O teto com tubulações à mostra está horrível”, criticou a técnica em Nutrição Ana Lúcia Pereira Silva, 37.

Infraero: obras em andamento

Questionada sobre o estado de má conservação do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim (Galeão), a Infraero informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que várias obras continuam em andamento no local. Essas reformas contemplam as esteiras e os elevadores e incluem a instalação de um novo sistema de ar condicionado. Sobre os mictórios entupidos, foi explicado que o problema é resolvido ao ser detectado. Já a rampa de acesso ao desembarque do Terminal 1 passa por intervenções.

A Infraero ressaltou ainda que o aeroporto tem capacidade superior à demanda de passageiros. De acordo com a assessoria, alguns serviços já foram entregues, como o novo embarque internacional do Terminal 2 e o desembarque doméstico reformado do Terminal 1. Com a conclusão dos trabalhos no Terminal 2, o Tom Jobim poderá receber 30,4 milhões de passageiros ao ano, sendo que a demanda prevista para 2014 é de 18,9 milhões de passageiros/ano.

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