Por bferreira

Rio - Relatório divulgado ontem pela Comissão de Direitos Humanos do Senado critica a Polícia Civil do Rio de Janeiro por limitar à possibilidade de latrocínio (roubo seguido de morte) a investigação sobre a morte do coronel reformado do Exército Paulo Malhães, que foi agente da ditadura, atuou na tortura e morte de presos políticos e confessou ter dado sumiço ao corpo do ex-deputado Rubens Paiva. A principal crítica é ao fato de não ser levada em conta a vida pregressa do militar, que foi morto no dia 24 durante a invasão de seu sítio, em Nova Iguaçu, por três homens.

O documento é assinado pela presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Ana Rita (PT-ES), que em 6 de maio, com os senadores Randolfe Rodrigues (Psol-AP) e João Capiberibe (PSB-AP), conversou no Rio com o caseiro Rogério Pires, que, segundo a polícia, confessou participação no crime. Aos políticos, Pires, que foi mantido refém com a mulher do coronel, Cristina Manhães, negou ter confessado. “A prisão de Rogério se deve à dedução da polícia quanto a sua participação no crime, por elementos que os delegados dizem possuir, mas que não foram apresentados durante a diligência”, diz o relatório.

No texto, a senadora pede proteção policial para o caseiro e para a Cristina Malhães. Além disso, sugere que sejam designados dois membros do Ministério Público Estadual para acompanhar a investigação do caso.

Senadora cobra explicações sobre a motivação para o assassinato

A senadora Ana Júlia reclama que as investigações não responderam a diversas perguntas, como qual foi a motivação do crime — ela não descarta uma queima de arquivo. Além disso, ela critica a demora da polícia a ir ao local. Avisados na noite de 24 de abril, os policiais só chegaram ao sítio às 8h30 do dia seguinte.

Em entrevista ao DIA em março, Paulo Malhães admitiu que, em 1973, desenterrou o corpo do ex-deputado Rubens Paiva no Recreio dos Bandeirantes e deu sumiço a ele. Cinco dias depois, à Comissão Nacional da Verdade, detalhou métodos de ocultação de cadáveres na Casa da Morte de Petrópolis. Na semana passada, a viúva do coronel, Cristina Malhães, contou que o marido disse a ela que o corpo de Paiva foi jogado num rio.

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