Por thiago.antunes

Rio - Os rodoviários da Baixada Fluminense vão aderir a greve de rodoviários a partir da 0h desta quarta-feira por 24h. No fim da tarde desta terça-feira cerca de 200 rodoviários de Nova Iguaçu saíram do terminal rodoviário, no Centro da cidade, percorreram a Via Light e foram até a prefeitura protestando por melhores condições trabalhistas.

Um dos organizadores da passeata, Wedison Barreto, de 43 anos, ressalta que a greve é um reflexo das manifestações que acontecem no centro Rio de Janeiro. "Vamos dar apoio aos grevistas do centro da cidade porque somos contra os abusos de poder das empresas de ônibus e, aqui na Baixada, somos intimidados. Esperamos que um grande número de pessoas possam aderir a greve. Aqueles que não quiserem, não serão forçados", disse o motorista da empresa de ônibus Lieza.

Dentre as reivindicações estão um aumento de 40 por cento no piso salarial, que atualmente é de R$1.778, cesta básica de 400 reais, fim da dupla função, pagamento de horas extra, além de plano de saúde e ticket refeição de 20 reais. A Baixada tem cerca de 200 mil rodoviários.

De acordo com manifestantes o sindicato da categoria afirma que não foi procurados pelos rodoviários para uma possível negociação, no entanto, eles dizem que tentaram contato. 

Em nota, a Transônibus, que representa as empresas de ônibus de Nova Iguaçu, São João de Meriti, Nilópolis, Belford Roxo e Mesquita, afirma que "está tomando as providências para garantir o transporte da população, já tendo solicitado apoio à Polícia Militar para evitar piquetes e ações de vandalismo. O Transônibuse o Sindicato dos Rodoviários de Nova Iguaçu não reconhecem a legitimidade do grupo para tomar decisões em nome da categoria e lamentam que a decisão unilateral esteja sendo tomada sem qualquer aviso prévio".

Líder de movimento no Rio: 'Não temos como controlar'

O principal líder da greve dos rodoviários, Hélio Alfredo Teodoro, afirmou na tarde desta terça-feira, em resposta à decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que os dissidentes não têm controle sobre os grevistas e, portanto, não há como pedir que todos voltem ao trabalho nesta quarta-feira. "A categoria está revoltada e, como a paralisação já estava prevista para amanhã, não temos como controlar", disse.

Hélio Alfredo Teodoro pediu desculpas à população pelos transtornosErnesto Carriço / Agência O Dia

Segundo ele, a adesão ao movimento é de 80%. Uma nova assembleia acontece nesta quinta-feira na Candelária, às 16h, para definirir os rumos da greve. "Nós não queremos continuar em greve. Queremos ser ouvidos. Queremos o fim da dupla-função e o aumento de 40%, mas estamos abertos a negociações", enfatizou Hélio. Ele ainda pediu apoio ao prefeito Eduardo Paes. “Ele poderia intervir nesta situação e obrigar a Rio Ônibus a negociar”, completou. A assessoria do prefeito disse que ele não vai se pronunciar.

Sobre a ação da Justiça que impede Hélio, Maura Lúcia Gonçalves, Luís Claudio da Rocha Silva e Luiz Fernando Mariano, de "promover, participar, incitar greve e praticar atos que impeçam o bom, adequado e contínuo funcionamento do serviço de transporte público" e permanecer distantes de garagens de empresas consorciadas filiadas à Rio Ônibus, Hélio foi taxativo: "Não durmo desde ontem. Fomos notificados oficialmente, mas estamos com medo. Fui notificado por companheiros de trabalho". Luís Claudio, com medo, não apareceu na reunião.

Maura Lúcia também comentou o episódio: "A gente está fazendo o movimento para melhorar a condição dos trabalhadores e agora fomos pegos de supresa com essa decisão do tribunal. Os assessores jurídicos disseram que vão recorrer ao serem notificados".

Hélio também falou sobre o possível envolvimento de milicianos nos ataques aos ônibus e nas ameças aos motoritas, principalmente nas companhias localizadas na Zona Oeste da cidade. "Na Pegasus, um (Renault) Sandero branco fica circulando pela região, como se estivesse monitorando os motoristas e na Campo Grande há seguranças armados que disparam contra os trabalhadores que tentam conversar com os motoristas. Quem garante que o sindicato não coloca essas pessoas para enfraquecer nosso movimento?", indagou. 

O sindicato das empresas de ônibus, Rio Ônibus, divulgou, na tarde desta terça, imagens de depredação de um coletivo no IAPI da Penha. O vídeo mostra homens quebrando o retrovisor do veículo. A Fecomércio estimou de que 888,5 mil trabalhadores do setor tenham sido afetados pela greve dos ônibus desta terça-feira. O contingente corresponde a 44% dos cerca de 2 milhões de passageiros que sofreram consequências da interrupção da circulação dos coletivos.

>>>GALERIA: Nova paralisação dos ônibus atrapalha a vida do carioca

O sindicato das empresas de ônibus, Rio Ônibus, divulgou, na tarde desta terça, imagens de depredação de um coletivo no IAPI da Penha. O vídeo mostra homens quebrando o retrovisor do veículo. A Fecomércio estimou de que 888,5 mil trabalhadores do setor tenham sido afetados pela greve dos ônibus desta terça-feira. O contingente corresponde a 44% dos cerca de 2 milhões de passageiros que sofreram consequências da interrupção da circulação dos coletivos.

Reforço nos transportes

A Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), da CET-Rio, da Secretaria Especial de Ordem Pública (Seop) e da Guarda Municipal, em parceria com o Rio Ônibus, Polícia Militar, Metrô Rio, Supervia e CCR Barcas, informou que manterá em operação o plano de contingência para minimizar os impactos à população em função da paralisação dos rodoviários nesta quarta.

De acordo com o Rio Ônibus%2C mais de 70 coletivos foram danificados nesta terça-feiraSeverino Silva / Agência O Dia

A prefeitura reforça que os carros continuam autorizados a circular na faixa seletiva da Avenida Brasil e nos corredores do BRS. O plano prioriza metrô, trens e barcas, reforçando as linhas de ônibus que fazem integração física com esses modais, além de linhas essenciais para deslocamento da população em áreas atendidas apenas por ônibus. Os serviços do BRT Transoeste também fazem parte do plano.

O reforço da Polícia Militar será na saída das garagens dos quatro consórcios, nas estações do BRT Transoeste e nos terminais de ônibus para aqueles que optarem por não aderir à paralisação. Agentes da Guarda Municipal e controladores de trânsito reforçarão a operação nas ruas.

SuperVia

- Antecipação do início da operação no horário do pico da manhã em 90 minutos. Ou seja, a partir das 4h30 desta terça-feira, a Supervia vai operar com capacidade máxima, reduzindo o intervalo entre as composições. Vale ressaltar que os trens começam a circular às 4h;

- Reforço na operação dos trens especiais – Partidas de Bangu, Campo Grande, Deodoro e Madureira;

- Prolongamento da operação no horário do pico da tarde: em função da demanda.

Apenas 10% da frota de ônibus está circulando na cidade do Rio de Janeiro. Greve terá duração de 48 horasFoto%3A Osvaldo Praddo

Metrô

- Antecipação do início da operação no horário do pico da manhã em 60 minutos. Ou seja, a partir das 5h30, o Metrô Rio vai operar com capacidade máxima, reduzindo o intervalo entre as composições. Vale ressaltar que o metrô começa a circular às 5h;

- Prolongamento da operação no horário do pico da tarde: em função da demanda.

Barcas (Cocotá – Praça XV)

- Antecipação da operação no horário do pico da manhã em 30 minutos, reduzindo o intervalo entre as embarcações: a partir das 6h30 com partidas Cocotá;

- Aumento da oferta de lugares (com partidas simultâneas e?ou embarcações de maior capacidade);

- Extensão da operação no horário do pico da tarde: antecipação e prolongamento em 60 minutos - Partidas Praça XV.

Ônibus

- Prioriza as ligações com outros modais (linhas de ônibus intermunicipais, trem, barcas e metrô);

- Prioriza circulação de linhas essenciais para o deslocamento da população em áreas não atendidas por outros modais de transportes.

Apenas 10% da frota de ônibus está circulando na cidade do Rio de Janeiro. Greve terá duração de 48 horasFoto%3A Osvaldo Praddo

Desembargadora determina retorno de 70% ao trabalho

A desembargadora Maria das Graças Cabral Viegas Paranhos, vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho do Rio, concedeu, no início da tarde desta terça-feira, liminar que determina o retorno de pelo menos 70% do efetivo total do quadro de rodoviários da cidade. Ela pede também que a população e as empresas sejam avisadas da paralisação com antecedência de três dias. "São obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação", diz a decisão.

O não cumprimento da liminar acarretará multa diária de R$ 50 mil contra o Sindicato Municipal dos Trabalhadores Empregados em Empresas de Transporte Urbano de Passageiros (Sintraturb). De acordo com a decisão, o transporte rodoviário de passageiros é uma atividade essencial e o sindicato é o legítimo representante da categoria, sendo responsável pela retomada da frota.

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