Rio - A Polícia Militar não negou oficialmente, mas já informou internamente a troca do comando de duas Unidades de Polícia Pacificadora. O capitão Carlos Eduardo Panza, na UPP do Morro dos Macacos, que havia assumido o posto de comandante em março, foi afastado e ficará na "geladeira", ou seja, sem função definida, lotado na Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP). A informação foi antecipada nesta terça-feira pelo DIA. Ele será substituído pelo major Bruno Amaral.
Outra mudança no comando das UPPs se deu no Morro da Providência. O capitão Fábio Pereira será substituído pelo major Roberto Ouverney Valente. O ex-comandante será companheiro de "geladeira" de Carlos Panza no CPP.
Episódios de violência seriam motivo de substituições
Os últimos episódios de violência na comunidade seriam o motivo da mudança. A assessoria da Polícia Militar negou a informação, mas círculos internos dão a troca como certa.
No último dia 5, o menino Vitor Gomes Bento, oito anos, foi baleado na cabeça durante troca de tiros entre PMs e bandidos no local. O episódio desencadeou onda de protestos de moradores, que culminou com ônibus depredado, fogo em barricadas nos acessos à favela e conflito entre manifestantes e policiais militares. Por volta das 22h, um PM deu entrada no Hospital Federal do Andaraí com o braço quebrado e outra criança com escoriações.
De acordo com a Coordenadoria de Polícia Pacificadora, policiais da UPP em patrulhamento na localidade conhecida como Favelinha se depararam com criminosos armados, que atiraram contra os policiais. Os PMs revidaram e os bandidos fugiram. Porém, mais à frente, já num ponto chamado Rachadura, iniciaram novo confronto com outra equipe da UPP.
No dia seguinte, mais confrontos. Moradores fizeram novo ato e queimaram pneus e barricadas, além de tentar fechar os acessos à comunidade. PMs dispersaram o protesto com bombas de efeito moral.
Pesadelo de tempos antigos está voltando'
Por meio do WhatsApp do DIA (98762-8248), moradores relataram o medo de quem mora na região. “O bicho tá pegando. Muita confusão, veículo depredado e muita fumaça na vias de entrada do Morro dos Macacos. Estamos apavorados”, desabafou um deles.
“Estou receoso em voltar para casa. E minha mulher e minhas filhas estão sozinhas. Meu Deus, o pesadelo de tempos antigos está voltando!”, comentou outro. O policiamento seguirá reforçado hoje, diz a PM.
Tiroteios em morros pacificados no Rio têm ocorrido com frequência e feito vítimas inocentes. No dia 27 de abril, por exemplo, Dalva Bezerra de Assis, de 72 anos, morreu, ao ser baleada após tiroteio entre policiais da UPP Nova Brasília e criminosos, no Conjunto de Favelas do Alemão.