Por thiago.antunes

Rio - Os tapumes na fachada da Sala Cecília Meireles, que já se integraram ao cenário da Lapa, são o retrato de uma obra que se arrasta por mais de quatro anos e que já quase quadruplicou o orçamento. O valor previsto para a reforma era de R$ 12 milhões, mas hoje, segundo a Secretaria Estadual de Cultura, já custa R$ 43,5 milhões. Fechado desde maio de 2010, o local é uma das casas de concertos musicais mais tradicionais do país.

Tapumes cobrem a sala de concertos%3A obra foi iniciada em 2011José Pedro Monteiro / Agência O Dia

A previsão inicial do governo para a reinauguração do prédio era o primeiro trimestre de 2012, mas segundo o diretor da casa, João Guilherme Ripper, ela só ocorrerá em setembro. Ripper justificou a demora da obra, que está 75% concluída, ao fato de o prédio ter sido construído em 1896.

“Todas as vigas e colunas do prédio tiverem que ser reforçadas. Descobrimos que a moldura de madeira das janelas estava sendo devorada há 80 anos por cupins. E tivemos que mudar a localização do elevador. Tudo isso demanda mais tempo e recursos”, argumentou. Segundo o diretor, o orçamento de R$ 43,5 milhões inclui dinheiro público e privado, de empresas patrocinadoras.

Para o maestro Jaques Morelenbaum, que fez vários concertos no local, a demora da obra priva o carioca de um espaço fundamental da cultura do Rio: “É lamentável que, exatamente no momento glorioso que a Lapa vive de recuperação, de renascimento, o povo não esteja usufruindo desse aparelho, que é pago por todos nós. Meu desejo e meus votos são para que a administração pública se reposicione para que obras deste tipo tenham mais agilidade”.

O analista de sistemas da Petrobras, Felipe Salles, frequentador da Lapa, sempre fica incomodado quando se depara com a obra inacabada: “Sonhamos com um Centro decente, mas está complicado, com obras inacabadas e sobrados abandonados. Além disso, a música instrumental perde muito sem este espaço. Os cariocas sempre gostaram de concertos. Sem a Sala Cecília Meireles, este gênero musical acaba sendo prejudicado. E o carioca perde a oportunidade de ouvir uma boa música, em um lugar lindo”.

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