Brasília - A Justiça argentina vai investigar as declarações, feitas em março pelo coronel reformado do Exército Paulo Malhães, de 76 anos, à Comissão da Verdade. Ele admitiu ter atuado em ações conjuntas com militares da Argentina para deter no Brasil militantes de esquerda daquele país que depois desapareceram. No depoimento, o coronel contou ter participado de operações do Batalhão 601, serviço de inteligência do Exército da Argentina.
Ao depor, Malhães confessou ter torturado, matado e ocultado cadáveres de presos políticos durante a ditadura militar no Brasil. E informou detalhes sobre como os torturadores agiam para evitar a identificação, cortando a ponta dos dedos e destruindo a arcada dentária, e dar sumiço aos corpos.
Antes de falar com a Comissão, o coronel, em entrevista exclusiva ao DIA, admitiu também a participação na ocultação do cadáver do ex-deputado Rubens Paiva, que teria sido desenterrado de um terreno no Recreio dos Bandeirantes e jogado em um rio.
Paulo Malhães morreu em 24 de abril em seu sítio em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, quando teve a casa invadida por três homens. Segundo a polícia, ele foi vítima de infarto durante um assalto. Mas, como a morte ocorreu um mês após depor na Comissão da Verdade, há suspeitas de que o crime tenha sido queima de arquivo.