Rio - Horário de missa mudado, pipocas, refrigerantes, cornetas e uma oração antes. Os 28 jovens que se preparam para ser padres no Seminário Rainha dos Apóstolos, no Rio Comprido, tiveram uma tarde nesta terça-feira de ‘sofrimento’. A cada defesa do goleiro mexicano Guillermo Ochoa, um “ahhh...” era ouvido no meio do grupo. O telão, num dos salões do prédio, só aumentava a agonia dos garotos, que viam em imagens superdimensionadas os erros da seleção brasileira.
“Não estou acostumado a sofrer. Sou flamenguista. Para um jogo de Copa, foi um bom treino. Os jogadores estavam distantes uns dos outros. Mas a gente sempre tem que ter confiança e rezar, né?”, disse o seminarista Rafael Brasil, 26 anos, um dos mais tensos durante a partida. Ele passou a maior parte do jogo com as mãos na cabeça e na ‘dobradinha’ senta-levanta do sofá.
Reitor do seminário, o padre Leandro Lenin Tavares, 31 anos, tratou de mudar o horário da missa de ontem para que os rapazes não perdessem a Seleção em campo. “Transferimos para as 6h30. Se a gente não mudasse, ia pegar o finalzinho do jogo. É uma tradição assistir à Copa aqui”, explicou o padre. O prédio, aliás, ganhou colorido verde-amarelo. Bandeiras enfeitam a fachada, os corredores e as salas.
Se orações a favor dos jogadores não faltam entre os jovens religiosos, o mesmo pode-se dizer das críticas. Para o seminarista Addae Vinícius Santos da Silva, 22, o desempenho brasileiro foi fraco. “O México estava muito bem preparado. Não foi desta vez”. Opinião semelhante tem Luan Argento, 21, que fez questão de usar uma camisa da Seleção com o seu nome nas costas. “Nosso adversário é um grande time. Não aconteceu, mas fazer o quê?”, questionou ele, que já foi muitas vezes ao Maracanã assistir a partidas do Fluminense.
Para o futuro padre Josimar Soares, 25, que já foi sócio-torcedor do Botafogo, o empate significou uma certa tristeza. “A verdade é que a gente sempre espera a vitória”. Independentemente do resultado, o seminário respira esporte. Na sala onde fica o telão, dois símbolos importantes dividiram espaço com a garotada: a Cruz Olímpica da Paz — que reúne 12 tipos de madeiras, inclusive o pau-brasil — e um quadro feito pelo movimento católico Pax Christi Internacional, onde está escrito ‘Cristo é Nossa Paz’ em latim, hebraico e grego. As artes foram criadas para as Olimpíadas de Londres, em 2012, e, desde então, vão circular em todas as cidades que vão sediar as competições.