Rio - Emoção, patriotismo, simpatia, amizade ou festa. Os motivos para se deixar envolver com a Copa do Mundo são tantos que gostar ou entender de futebol podem ser apenas detalhes. A recepcionista Ana Barros, 34 anos, que o diga. “Se você me perguntar o que faz um zagueiro ou um cabeça de área, vou dizer que é a mesma coisa. Mas na Copa tudo muda e essa, em especial, está muito emocionante”, conta ela, rindo.

A curiosidade vai além da seleção brasileira e faz com que ela, uma companhia desinteressada do marido nos jogos do Flamengo, providencie algumas escapadas do posto de trabalho para poder se aproximar das TVs que transmitem as partidas de outros países. “No meu setor não tem como assistir aos jogos. Então, de vez em quando, eu passo para buscar uma água ou vou ao banheiro para poder olhar um pouco a TV ”, diz ela, para quem o jogo mais emocionante foi entre Portugal e EUA. A cena inesquecível, no entanto, é de Itália e Uruguai. “Fiquei chocada com aquela mordida do Suárez”, exclama Ana.
Como ela, quem guardará na memória a dentada do jogador uruguaio é a dentista Márcia da Costa, 48 anos. “Não sou eufórica, mas estou gostando do futebol. Vi até o último jogo, o da mordida”, afirma ela.
Na empolgação dos amigos, ela também resolveu engrossar a torcida de outros países como Itália e Argentina. De outras seleções ela sequer lembra do nome. “Eu torço por quem joga limpo e não faz muitas faltas. Gostei de um que teve muita dinâmica, era um time que usava roupas laranjinhas”, explica Marcia, ao se referir à Holanda.
Quem já viveu esse clima, não esquece. A modelo Bruna Teixeira, 31 anos, mora na Itália há mais de uma década e, mesmo sozinha, não deixou de torcer pelo Brasil a caráter. “Vesti uma blusa amarela, short verde e fiquei lá torcendo. Eu não sou de ver jogo, mas quando é o Brasil vibra diferente. Os vizinhos devem ter ouvido meus gritos”, revela ela, com as mãos no peito. De férias no Brasil, Bruna diz que aproveita para matar as saudades da “bagunça”. “Não podia perder a oportunidade única de estar aqui.”
Horários de jogos alteram rotina da casa
Estádios, times e bola na rede também nunca foram a praia da professora aposentada Julia Maria Gomes da Cunha, 61 anos. Mesmo assim, ela resolveu entrar em campo na Copa de 2014. A dedicação é tanta, que Júlia adaptou inclusive a rotina da casa aos horários dos jogos.
Durante a primeira fase, todas as tarefas domésticas tinham que ser cumpridas até o meio-dia. As tardes ficavam voltadas só para o futebol. Além de ver todas as partidas, fez uma tabela com previsões e sabe até analisar taticamente cada uma das 32 seleções que entraram na disputa.
“A Copa está na nossa casa, não tem como não se empolgar”. Além do Brasil, claro, ela simpatizou muito com o futebol da Costa Rica. Só não poupa o desempenho irregular de Messi: “Não gosto dele porque é metido, quer ser o melhor da equipe.” Julia já tem suas apostas para o jogo de sábado: “Vai ser 2 a 1 para o Brasil.”