Por nara.boechat

Rio - A presença de um terceiro adolescente na viatura 52-1651 do 5º BPM (Praça da Harmonia), que seguiu na manhã de 11 de junho com destino ao Morro do Sumaré pode incriminar ainda mais os cabos Vinícius Lima Vieira e Fábio Magalhães Ferreira. Os PMs são acusados de executar Mateus Alves dos Santos, de 14 anos, e tentar matar X., de 15, que sobreviveu ao se fingir de morto. Ontem, durante a reconstituição do caso, a polícia informou que a nova testemunha — o terceiro menor, que ainda não foi identificado —, foi liberada do local pelos acusados.

GALERIA: Polícia realiza reprodução simulada da morte de menor no Sumaré

Os três jovens, que seriam suspeitos de cometer furtos no Centro, foram pegos na Avenida Presidente Vargas, próximo à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), e levados no porta-malas da viatura. Ao chegar à curva do Sumaré, um dos adolescentes, que também trabalharia no Camelódromo da Uruguaiana, conversou em particular com os policiais militares fora do carro.

Policiais da Divisão de Homicídios realizaram nesta segunda-feira a reprodução simulada da morte de um menor no Morro do SumaréFoto%3A Severino Silva / Agência O Dia

“Essa reconstituição serviu para confirmar que existia uma terceira pessoa na viatura. Esse garoto conseguiu convencer os policiais de que não tinha nada a ver com os delitos e, por isso, a dupla mandou ele descer correndo”, explicou Rivaldo Barbosa, delegado da Divisão de Homicídios (DH).

De acordo com os relatos do sobrevivente X., após a liberação do outro menor, ele foi o primeiro a descer da viatura e ser levado para uma ribanceira no matagal. Lá, foi baleado na perna por um dos PMs e também levou tiro de fuzil nas costas de outro policial. Foi aí que ele se fingiu de morto para sobreviver. Ainda segundo as investigações, Mateus, aos gritos, foi conduzido à mata pelos acusados, onde foi atingido por pelo menos três tiros e caiu sobre o corpo do sobrevivente.

Agora, a DH busca vídeos de câmeras no percurso até o Sumaré para consolidar o depoimento do sobrevivente.

DH não tem dúvida da ação de PMs

Agentes da DH gravaram toda a reconstituição e o depoimento do sobrevivente. Ele contou que, depois do crime, só procurou ajuda quando teve certeza de que os PMs tinham ido embora. Ele encostou o corpo do menino morto num barranco e fez um torniquete em sua perna antes de descer o Morro do Sumaré.

“A ação (de ontem)foi rica em detalhes e mostra um crime terrível. Para a DH, não resta dúvida de que os meninos foram vítimas dos dois PMs. Vamos atrás do terceiro adolescente para saber o que foi dito no carro”, disse o delegado.

Um PM contou que participou da abordagem, mas que levou os menores ao Sumaré ‘apenas para repreendê-los’. O outro policial não quis falar. Eles estão na Unidade Prisional, em Benfica. Toda a ação foi gravada pelas câmeras a viatura.

Você pode gostar