Por paloma.savedra

Rio - O Tribunal de Justiça do Rio recebeu mais 20 novos pedidos de habeas corpus, impetrados pelos advogados dos 23 ativistas acusados de atos violentos em protestos. Os pedidos foram encaminhados ao desembargador da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, Siro Darlan, que criticou a medida. Dos 23 acusados, 18 seguem foragidos. Entre os presos, está Elisa Quadros Sanzi, a Sininho.

De acordo com o magistrado, um único recurso - com um pedido coletivo para os 23 réus - já havia sido feito. Siro explica que o envio de novos documentos prejudicará a agilidade do processo, tendo em vista que o desembargador terá de analisar diversos recursos, cujo pedido é o mesmo.

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Manifestantes limpam o chão em frente ao Tribunal de Justica do Rio durante ato contra a prisão de ativistasPaulo Campos / Agência O Dia

"Ao darem entrada em novos pedidos de habeas corpus, terei de analisar todos eles, e isso acaba prejudicando a celeridade do processo. São novos documentos, repetitivos, com os mesmos pedidos", declarou o magistrado, que ainda aguarda informações do processo criminal, da 27ª Câmara Criminal. 

"As informações ainda não chegaram e estou aguardando. Portanto, é necessário que tudo seja feito corretamente, para darmos celeridade. Só poderei analisar o habeas corpus com o processo", completou o magistrado. 

Além disso, o desembargador Siro Darlan reafirmou que vai representar na Corregedoria da Polícia Civil contra o delegado Alessandro Thiers, titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI). Segundo Darlan, Thiers não prestou informações sobre o inquérito desde terça-feira passada. Já o delegado negou que tenha recebido pedido de vista aos autos.

Manifestantes realizam atos contra prisões

Nesta terça-feira, centenas de manifestantes fizeram ato de desagravo contra as prisões dos 23 ativistas. Pela manhã, foi realizado o Ato Contra a Criminalização da Liberdade de Manifestação, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil. Cerca de 200 pessoas participaram do encontro.

“Essas pessoas têm endereço fixo e muitas delas trabalham. Poderiam ser investigadas em liberdade. Trata-se de um ‘estado futebolístico de exceção’”, disse o deputado federal Chico Alencar, que completou: “Tenho divergências ideológicas com determinados grupos radicais, mas não podemos negar o direito de defesa”, completou.

De acordo com o vice-presidente da OAB-RJ, Ronaldo Cramer, o ato teve o intuito de garantir o trabalho dos advogados. “Apoiamos os advogados que querem exercer seu trabalho. Somos, acima de tudo, a casa da democracia”, declarou Cramer. Ele criticou ainda as investigações da Polícia Civil que culminaram na denúncia do MP: “Um inquérito aberto sem provas, às vésperas de um ato anunciado (manifestação no dia da final da Copa), com a clara intenção de impedir que o mesmo acontecesse”.

Mais tarde, manifestantes foram para a frente do Tribunal de Justiça, na Avenida Presidente Antônio Carlos, no Centro, onde pediram a liberdade dos presos. Eles também fizeram uma 'lavagem' simbólica no chão, criticando a decisão da 27ª Câmara Criminal, que aceitoua  denúncia feita pelo Ministério Público contra os 23 ativistas. 


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