Por bianca.lobianco

Rio - Alvo dos protestos de junho passado, a Assembleia Legislativa do Rio será colocada em xeque dia 5 de outubro. Majoritariamente formada por deputados da base do governo, que conta com o apoio de cerca de 60 dos 70 deputados, a tendência é de uma tímida renovação.

Recordista em 2010 com mais de meio milhão de votos pelo PDT, Wagner Montes, agora no PSD, confia na reeleição com mais uma votação expressiva, e aposta numa renovação em apenas 30% na composição do próximo parlamento. “Vai ter coisa nova, com certeza. Foi um ano diferente, com protesto, Copa do Mundo. Eleitoralmente atípico. E imprevisível. Só sei que eu estarei lá”, analisa.

Políticos e especialistas não acreditam em grandes mudanças na Assembleia do estadoArte%3A O Dia Online

Politicamente, Wagner Montes costuma votar com a oposição, mas se coloca como independente. Tanto em relação ao governo, como ao próprio partido. “Nem sei quem são os candidatos do partido. Sei que devo eleger uns três com minha votação”, prevê Wagner.

O PSD, no entanto, é aliado da atual gestão e deve continuar como segunda maior bancada, atrás apenas do PMDB. A semelhança entre os partidos é tanta que um dos prováveis beneficiários da votação de Wagner Montes deve ser Jorge Felippe Neto, herdeiro, até no nome, do presidente da Câmara dos Vereadores.

Uma das grandes apostas desta eleição gira em torno do desempenho de Marcelo Freixo, que em 2012 concentrou a oposição no Rio e teve quase 1 milhão de votos para prefeito.

Como a opção de seu partido (Psol) foi fortalecer as bancadas legislativas, a expectativa é de que a atual,formada também por Janira Rocha e Paulo Ramos, possa chegar a pelo menos cinco deputados. O vereador Eliomar Coelho, criador da CPI dos Ônibus, é um dos mais cotados para reforçar o time.

“É uma previsão difícil. Se eu tiver 100 mil votos, levo mais um deputado. Se tiver 400 mil, provavelmente mais uns três. Acho que a renovação deve ser de 1/3 da Casa, mas não necessariamente uma boa renovação. Talvez sejam apenas caras novas, mas mais do mesmo”, diz Marcelo Freixo, o segundo mais votado em 2010, com 177 mil votos.

Além de Eliomar Coelho e Jorge Felippe Neto, outras caras novas estão bem cotadas em diversos partidos. O PR de Garotinho espera eleger Nivaldo Mulim. O PT investe em Rosângela Zeidan. O PMDB tem Thiago Mohamed para mudar, pelo menos em parte, o perfil da Assembleia Legislativa.

Alerj é uma incógnita, diz especialista

Fazer qualquer tipo de previsão, neste momento, ainda é algo precipitado na avaliação do cientista político Ricardo Ismael, da PUC-RJ. E que as mudanças podem ser tímidas ou profundas, dependendo do nível de participação e mobilização dos eleitores.

“Em 2010, pouco antes da votação, 65% dos eleitores não sabiam em quem votar para deputado federal, estadual e para o senado. Acho que neste ano o quadro ainda é mais ou menos este. A morte do Eduardo Campos movimentou a eleição para presidente, mas não para deputado e senador”, avalia Ismael.

Em âmbito estadual, o cientista político diz que o grande atrativo da sucessão na Assembleia Legislativa será em relação ao desempenho do Psol, que praticamente abdicou de disputar o governo do estado fazendo uma aposta arriscada no desconhecido Tarcísio Motta, para jogar todas suas fichas na eleição proporcional.

“Eles colocaram o time A, a linha de frente, com seus melhores nomes, tanto para a Câmara dos Deputados como para a Alerj. Vamos ver como serão as votações de Chico Alencar e Marcelo Freixo. Podem ser o grande diferencial desta eleição, mas ainda é uma incógnita”, diz Ricardo Ismael.


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