Por karilayn.areias

Rio - O Ministério da Saúde informou, na manhã de ontem, que deu negativo o exame do paciente africano Souleymane Bah, de 47 anos, suspeito de infecção pelo ebola. Na tarde de hoje, mais sangue será coletado e enviado para análise no Instituto Evandro Chagas, no Pará. Se a doença permanecer descartada — o que é provável, segundo fontes da Fiocruz —, o paciente receberá amanhã alta do hospital de infectologia da instituição, em Manguinhos, Zona Norte, onde permanece isolado.

José Cesbino e Marília Santini são os médicos que cuidam de Souleymane Bah%2C natural da Guiné%2C internado na Fiocruz desde sexta-feiraFernando Souza / Agência O Dia

Também somente após o segundo exame será desmobilizada a vigilância sobre as 64 pessoas que tiveram contato com Bah na cidade de Cascavel, no Paraná, onde se hospedou após chegar como refugiado de sua terra-natal, a Guiné, um dos três países com epidemia na África.

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, garantiu que o Brasil está preparado para enfrentar o ebola. “Deixamos clara a nossa capacidade de agir com seriedade. Ter dado certo na primeira vez que atuamos com o problema é muito importante. Trocamos experiências com outros países para agir de forma eficaz”, disse. Ele ressaltou ainda que o protocolo determina que seja mantida a vigilância até o resultado do segundo exame. “Do ponto de vista prático, ter o primeiro resultado negativo não pode desarticular a vigilância. Todos os procedimentos previstos no Regulamento Sanitário Internacional foram adotados”.

Os médicos que cuidam de Bah no Rio, José Cesbino e Marília Santini, garantiram que Souleymane tem uma quadro clínico estável e aparenta tranquilidade. “Ele está ótimo. Sem febre ou qualquer outro sintoma. Geralmente, ele passa o dia assistindo à TV e de vez em quando anda pelo quarto. O Souleymane está confiante”, garantiu o médico.

Alejandro Hasslocher, diretor do instituto — que é referência no Brasil e por isso receberá todos os possíveis casos de ebola —, disse que a instituição está preparada para lidar com o problema, mas descartou epidemia no Brasil. “No momento, a Fiocruz tem capacidade para receber até 32 pacientes simultaneamente. Se houver um surto de ebola, o nosso procedimento seria esvaziar o hospital e colocá-lo inteiramente para o tratamento da doença”, afirmou.

Questionado sobre um possível fechamento de fronteiras do Brasil, Chioro voltou a dizer que a medida não é eficiente nem necessária. “Não é uma forma de evitar a doença. As pessoas entrariam no país de forma clandestina e seria pior, pois, por medo de serem descobertas, não procurariam o médico, caso sentissem algum sintoma, como este paciente fez no Paraná. O importante é passar informação para as pessoas. Deixar claro como ocorre o contágio e as formas de evitar”.

Dúvidas

O que é Ebola?
É um vírus e está relacionado à ocorrência de surtos de febre hemorrágica na África desde 1976.

Quais os sintomas?
Início repentino de febre alta, fraqueza, dor muscular, dor de cabeça e dor de garganta. Depois, evolui para vômito, diarreia, irritações de pele, comprometimento do fígado e dos rins e hemorragia interna e externa.

Como é a transmissão?
A pessoa precisa ter entrado em contato direto com o sangue ou secreções (fezes, urina, saliva, sêmen) de infectados. A infecção também pode ocorrer se a pele ou mucosas de uma pessoa saudável entrarem em contato com objetos contaminados, como roupa suja, roupa de cama ou agulhas usadas.

É transmitido pelo ar?
Não.

Se um infectado espirrar perto de mim, corro risco de ser contaminado?
Não.

Se eu tiver estado ao lado de uma pessoa (num ônibus ou avião, por exemplo) contaminada, posso ter contraído a doença?
Provavelmente não. A contaminação só é feita quando a pessoa já apresenta sinais e sintomas (o que ocorre entre dois e 21 dias da contaminação).

Se eu pegar, por exemplo, numa maçaneta em que um contaminado tocou, posso contrair a doença?
Não. A não ser que a maçaneta esteja suja com sangue, fezes, vômito ou qualquer secreção do infectado.

Você pode gostar