Por nicolas.satriano

Rio - Foi descartada a possibilidade de que o guineano Souleymane Bah, de 47 anos, esteja contaminado com o vírus do ebola. A informação foi divulgada em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira pelo ministro da saúde, Arhtur Chioro. Por enquanto, não há previsão de alta para o paciente e a liberação de Bah depende da orientação médica. Chioro foi enfático: "Não é ebola, com certeza". Segundo ele, o guineano passa bem e outros exames - que antes estavam não podiam ser feitos por conta da suspeita de ebola - serão realizados.  

Também nesta tarde, o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), disse que Souleymane Bah não deve deixar a unidade de saúde. De acordo com a assessoria da instituição, mesmo que o resultado dos testes desta segunda-feira não acusando ebola, o africano está doente e, por isso, permanecerá no instituto para a realização de exames complementares. 

As 64 pessoas que tiveram contato com o guineano em Cascavél, no Paraná, e estavam sob vigilância estão liberadas e, de acordo com o ministro da saúde, os trabalhos de prevenção continuam.

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Resultado de segundo exame em guineano também dá negativoDivulgação / Polícia Federal

Entenda

No domingo, foi colhida a segunda amostra de sangue do africano Souleymane Bah, de 47 anos, suspeito de estar contaminado com o vírus do ebola. O material está sendo analisado no Instituto Evandro Chagas, em Belém, que pertence à Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde.

Os especialistas informaram que todo o protocolo de atendimento e segurança para o ebola foi seguido à risca na Fiocruz, que é a unidade de referência para os casos suspeitos no Brasil. Dois quartos do INI estão preparados desde junho e os profissionais foram treinados em vários simulados. Ao todo, a unidade tem 32 leitos que podem atender pacientes suspeitos.

Soullymane Bah foi notificado na quinta-feira em uma Unidade de Pronto Atendimento em Cascavel (PR). O paciente saiu da Guiné, na África Ocidental, no dia 18 de setembro, e chegou ao Brasil em 19 de setembro. Por apresentar febre e ter vindo de um dos países com a doença, foi classificado como suspeito e encaminhado à unidade de referência no Rio de Janeiro.

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Saiba sobre a doença

A confirmação do primeiro caso de ebola em solo norte-americano, apesar de todos os cuidados e de toda a aparente paranoia, serve de alerta para o mundo inteiro. Até então, descartava-se com veemência a possibilidade de a doença se espalhar pelos continentes, confinando-a na miserável África. Ainda que a chance de um surto global continue reduzida, até pelas características da enfermidade, o caso de Thomas Eric Duncan não pode ser desprezado — até porque o liberiano, sozinho, pôde ter sido capaz de detonar um surto no Texas.

O ebola ainda não é transmissível pelo ar; se o fosse, o cataclisma seria praticamente certo. Como o contágio se dá por fluidos durante certo período do ciclo do vírus no organismo, a disseminação pode ser contida. O problema é existirem autoridades incompetentes e relapsas no mundo todo, inclusive nos Estados Unidos. Thomas, quando pediu ajuda num hospital, foi mandado embora com antibióticos. Uma simples falha de procedimento desencadeou uma gigantesca ação, cujos resultados são imprevisíveis.

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Não se deve inferir, diante desse episódio, que no Brasil a hecatombe biológica seria inevitável. O Ministério da Saúde tem profissionais capacitados para detectar casos suspeitos, e não é preciso muito para confinar possíveis doentes. A questão é não permitir que haja brechas.

Toda essa preocupação, porém, não pode tirar a atenção da África, onde a epidemia mata dezenas por dia. Sobressai a impressão de que o mundo pouco se importa. É uma tragédia humanitária que precisa da união das nações.

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