Por tiago.frederico

Rio - Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) participam de uma assembleia, na tarde desta terça-feira, no auditório 51, do campus Maracanã, no bairro da Zona Norte do Rio. Convocados pela Associação dos Docentes da Uerj (Asduerj), os profissionais poderão aprovar ou não uma greve da categoria na instituição.

"A defesa do ensino, da pesquisa e da extensão na Uerj, além da intensificação do trabalho docente, da decomposição salarial e das ameaças à incorporação da dedicação exclusiva" são os assuntos que estarão em pauta, de acordo com a Asduerj. Presidente da associação, Bruno Deusdará disse que a assembleia é um desdobramento de discussões que vêm sendo feitas pelo corpo docente da universidade.

Professores da Uerj podem aprovar greve da categoria nesta terça-feiraPaulo Araújo / Agência O Dia

"Uma emenda à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) da Constituição Estadual prevê 6% do orçamento do Rio de Janeiro para as três universidades estaduais, mas não recebemos nem 3%", afirma Bruno, referindo-se tanto à verba que deveria ser destinada à Uerj quanto verba que deveria ir para os cofres das universidades Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e da Zona Oeste (Uezo).

Durante a assembleia desta terça-feira, professores da universidade poderão decidir por entrar ou não em greve. Além do orçamento das universidades, o reajuste salarial dos docentes, também será discutido, bem como outras medidas implantas na instituição.

"Não houve um aceno de reajuste salarial para a categoria dos professores. Para piorar a situação, a reitoria da universidade baixou um conjunto de medidas que pretendem restringir as atividades de pesquisa e extensão. Elas são alterações num instrumento chamado Banco de Produção Científica (BPC). Com essas mudanças nas diretrizes, que regem a carga horária de pesquisa e extensão, alguns problemas são criados no cotidiano da Uerj, que desestruturam o tripé ensino, pesquisa e extensão", afirmou Bruno Deusdará.

"O que se espera de uma universidade é que o conhecimento produzido nos laboratórios e nos grupos de pesquisa vá para a sala de aula. Se você restringe a capacidade de pesquisa de toda a universidade, você desestrutura toda a lógica de pesquisa da instituição", completou o presidente da Asduerj.

Segundo a associação, assembleia que deflagrou a greve de 2012 na universidade contou com quase 500 professores, o equivalente a 25% do corpo docente da universidade. A última reunião realizada pela Asduerj teve a participação de 115 professores assinando a lista de presença, o correspondente a 5% da categoria, que tem um total de 2.300 efetivos.

"A greve é sempre a última ferramenta. Houve uma adesão significativa na última assembleia e a expectativa é que esse número seja maior nesta", acredita Deusdará.

Outra assembleia pode ser marcada para os docentes da Faculdade de Medicina, segundo a associação. Bruno Deusdará afirma que também serão feitas outras atividades, como reuniões e atos públicos, visando o segundo turno das eleições.

Asduerj cobra posicionamento de Crivella e Pezão

"A associação exige o posicionamento dos dois candidatos que concorrem ao Governo do Estado sobre os investimentos nas três universidades, além da revogação da medidas criadas pelo reitor", disse o presidente da Asduerj, referindo-se aos candidatos Marcelo Crivella (PRB) e Luiz Fernando Pezão (PMDB).

De acordo com o presidente da Asduerj, não é necessário um número mínimo de profissionais optando por uma greve para que ela seja deflagrada, no entanto, segundo ele "há o quantitativo do bom senso". "Para aprovar uma greve, a assembleia deve estar cheia", disse.

Num evento na rede social Facebook, 128 pessoas confirmam participação na assembleia. As aulas na universidade ocorreram normalmente na manhã desta segunda-feira e não há previsão de suspensão das atividades na universidade para o período noturno.

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