Por daniela.lima

Rio - Um investimento milionário em modernização e tecnologia para a Polícia Militar do Rio está dormindo ao relento, sofrendo com sol, chuva e à mercê de atos de vandalismo de usuários de drogas que atuam na região. Quatro caminhões, entregues ao Batalhão de Choque (BPChq) por conta da segurança da Copa do Mundo e da Olimpíada de 2016, equipados com alta tecnologia, estão na porta do quartel da unidade, no Estácio. O custo dos carros girou em torno de R$ 12 milhões aos cofres do estado, por meio da Secretaria de Segurança, e do governo federal, através da Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos, do Ministério da Justiça. 

Caminhões enfileirados na porta do Batalhão de Choque%2C no Estácio%3A expostos à chuva%2C sol e ação de usuários de drogas da região%2C esperam a construção da sede do COEAlessandro Costa / Agência O Dia


“O que todos comentam aqui no quartel é que os caminhões não passam no portão principal do batalhão, nem em altura e nem na largura. E não é possível fazer uma obra, quebrar uma parede, pois o prédio é tombado pelo patrimônio histórico”, revelou um policial da unidade, que pediu para não ser identificado. A sede foi inaugurada em 1913.

A PM, entretanto, tem vários outros quartéis, como o Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP), em Sulacap, onde os veículos poderiam ser guardados longe do desgaste que sofrem.

Três deles são dotados de computadores de última geração, câmeras, captadores de áudios e softwares capazes de integrar a base de dados das polícias e foram batizados, cada um deles, de Base Comando Móvel. O outro, conhecido como Plataforma de Observação Elevada, conta com sala de monitoramento, onde se pode ver imagens em 360°, geradas a partir da própria plataforma, ou de um helicóptero.

A Secretaria de Segurança estimou em cerca de R$ 316 milhões os investimentos em equipamentos para a realização da Copa e da Olimpíada. Somente em transporte, o Estado do Rio adquiriu dez veículos especiais e dois helicópteros. Além dos três caminhões Base Comando Móvel do BPChq, equipamento similar foi entregue ao Grupamento Aeromóvel da PM (GAM).

Foram comprados ainda quatro caminhões para transporte de tropa e dois para cavalos. Neste setor, o gasto foi de R$ 86 milhões. Os caminhões já foram usados em ocupações de favelas, mas ultimamente quase não saem da porta do Batalhão. 

‘Garagem’ sequer começou a ser erguida em Ramos

Segundo o comandante do Batalhão de Choque, tenente-coronel Fabio, os caminhões serão levados para o Comando de Operações Especiais (COE). No entanto, a área de 157 mil m², localizada em Ramos, continua sem as obras previstas e orçadas desde outubro de 2012.

A sede do COE, que integra as cinco forças especiais da PM, seria transformada em um centro de elite ainda em dezembro de 2013. Seriam investidos aproximadamente R$ 300 milhões em obras, rede lógica, mobiliário e centro de treinamento, mas o projeto ainda não saiu do papel.

Hoje em dia, apenas as equipes administrativas ocupam o espaço, que fica ao lado do Conjunto de Favelas da Maré e perto dos acessos às principais vias expressas da cidade.

De acordo com a PM, os caminhões são adaptados para ficar em local aberto sem sofrer danos.

Colaborou: Felipe Freire

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