Por adriano.araujo

Rio - Mais de 70 pessoas foram conduzidas à delegacia por furtos durante a Parada do Orgulho LGBT, neste domingo, em Copacabana. O número é da Polícia Militar, que teve trabalho para controlar os diversos focos de confusão durante a festa, com arrastões, confusões e roubos.

Todos os detidos — 76 no total, entre maiores e menores — foram conduzidos para a 12ª DP (Copacabana). Cinco menores foram apreendidos, dois foram liberados na presença dos responsáveis e 44 pessoas conduzidas a abrigos. A PM também cumpriu um mandado de busca e apreensão no evento.

Durante todo o desfile da Parada foram registrados confusões e tentativas de furtosFoto%3A Levy Ribeiro / Parceiros / Agência O Dia

?Assaltos lotam delegacia

Finalizada a Parada Gay — como é popularmente conhecido o evento — a cena vista em frente à 12ª DP (Copacabana) pouco lembrava o clima pacífico em que transcorreu boa parte do evento. Dezenas de pessoas se amontoavam na expectativa de registrar furtos e roubos.

Confira fotos da Parada LGBT de Copacabana

As cenas de violência ocorreram mesmo com o efetivo de segurança particular contratado pela direção do evento. A idade das vítimas, aliás, dificultava o trabalho dos policiais e o fechamento dos números. Por serem, em grande parte, menores de idade, muitos se recusavam a dar entrevistas e desistiam dos registros após verem a longa fila que provocava espera de até três horas.

“Como posso registrar? Minha mãe sequer sabe que estou aqui em Copacabana. Não sei como vou voltar para casa, já que tive ‘tudo roubado’”, disse um jovem de 16 anos que preferiu não se identificar.

O comentário geral, no entanto, dava conta de que os ‘tradicionais’ arrastões dos domingos de sol no Arpoador haviam trocado de endereço na tarde de domingo. “São os mesmos de sempre, com a velha tática de puxar tudo aquilo que reluz”, contou outra vítima de furto.

Após um arrastão orquestrado, a organização do evento antecipou o fim da Parada, por volta das 18h. Focos de tumultos também foram registrados nos acessos às estações do metrô mais próximas.

Contudo, para a maioria do público, a Parada foi considerada um sucesso. Neste ano, a megaconfraternização contou com a distribuição de 200 mil preservativos masculinos e 5 mil femininos, além de 100 mil unidades de gel lubrificante. Outro serviço gratuito que chamou a atenção foi a realização de testes de doenças, como hepatite e Aids. Vacinas de algumas doenças sexualmente transmitidas também foram oferecidas.

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Mas eram as fantasias que encantavam aqueles que passavam por lá e melhor retratavam a euforia coletiva. A drag queen Juju Maravilha homenageou a cantora Carmen Miranda. “O movimento é importante por celebrar conquistas para a comunidade LGBT. Mas ainda sonho com o dia em que os agressores sejam punidos de forma exemplar”, desabafou.

O casal Marcelo Soledad e Robson Figueredo, ambos de 30 anos, escolheram a dupla de super-heróis Lanterna Verde e Capitão América para aproveitar. “Este movimento não pode se resumir à festa. Existe um cunho político-ideológico importante”, acredita Robson.

No alto do trio elétrico, parlamentares e celebridades pediam por mais leis em defesa da classe. Para o deputado estadual Carlos Minc (PT), o conservadorismo não pode reger a política. “Os argumentos religiosos não podem pautar o Legislativo. O conceito de família é muito mais amplo do que o casamento entre homens e mulheres. O Rio, como cidade pioneira nos direitos do público LGBT, tinha que sediar uma festa como esta”, repetia o deputado.

E num universo dedicado ao amor livre de preconceitos, não foi apenas o público gay que aproveitou a tarde de sol ameno, embalada pela música alta. A dentista Sandra Aguiar, 26, é heterossexual e comparece há três anos ao evento. “A festa carioca é dedicada ao respeito. Portanto, me sinto convidada e superbem recebida”, afirmou.

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