Por bianca.lobianco
Rio - São dois grupos que lidam com animais no Rio: um é alegre, envolve apoio mútuo de gente esforçada para conseguir lares para vira-latas e gatos abandonados. O outro, como O DIA mostrou semana passada, é investigado pelo Ministério Público por maltratar animais, pintá-los e vendê-los como cães de raça na Internet. Para sorte dos bichos, a primeira turma é muito maior, e não faltam na cidade iniciativas que tentem amenizar o sofrimento dos bichos abandonados nas ruas.
Sábado, no bairro da Glória, a diretora da Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (Suipa), Izabel Cristina do Nascimento, gesticulava enquanto explicava os requisitos necessários para adoção de cachorros.
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“Peço cópia do contracheque, verifico endereço, se têm condições para criar. É uma vida que está sendo adotada. Faço isso porque às vezes a pessoa vê, gosta, e devolve depois”, explica a diretora da Suipa, entidade que abriga pelo menos 4,5 mil cães de diversas raças.
Grupo valoriza a adoção de animais%2C especialmente os vira-latas%2C mais difíceis de serem escolhidosMaíra Coelho / Agência O Dia

Naquele dia, Izabel comandou mais um evento para doação de animais, que acontece todos os sábados. “Doamos dois hoje. Falta um lar para Ariel, Dara, Acerola...”, enumerou, enquanto abraçava os cães.

Perto dali, no Largo do Machado, Regina Helena, 53 anos, entregava fichas de adoção para senhoras e jovens na região, onde funciona o evento do projeto Resgate de Animais que ela comanda junto com outros “produtores independentes”.

“Faço isso há 15 anos aqui. Em média, doamos 30 ou 40 animais, depois de entrevistar as pessoas sobre suas intenções com os bichos”, contou ela. O grande problema são os abandonos: muitos veem a feira como uma boa oportunidade para se desfazer de filhotes”, lamentou Regina.
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Foi ali que os irmãos Pedro Paulo, 23, e Juliana Carvalho, 27, resgataram Beethoven, um vira-lata de seis meses. “Ele é muito inteligente. É como uma criança aprendendo as coisas. Não há nada melhor do que chegar em casa cansado e ele vir para te recepcionar”, contou Pedro Paulo, que criticou a quadrilha investigada pelo MP. “Vira-lata é um cachorro, não é uma camisa, um brinquedo. Como podem fazer isso? É inacreditável”, exclamou.
O casal Marluce Oliveira e Antônio Pereira — o Tony Resgate — são unidos na defesa dos bichos. Todo domingo eles batem ponto na Praça Nelson Mandela, em Botafogo, para organizar a doação de vira-latas e gatos. “Todos que participam têm suas vidas, trabalham. Mas os animais são uma causa maior”, contou Marluce.
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