Revista diz que coronel da PM incitava agressões contra manifestantes
'Mata! Assim imobiliza para sempre', dizia Fábio Almeida de Souza, na época à frente do Batalhão de Choque da PM
Por nicolas.satriano
Rio - Elogiado pelo ex-governador Sérgio Cabral quando esteve à frente do Batalhão de Choque, em 2013, o então tenente-coronel Fábio Almeida de Souza teria sido protagonista de mensagens polêmicas em grupo do WhatsApp. Entre elas, teria sugerido matar manifestantes, até com tiro de fuzil; confessado que usou lançador de bomba a menos de 30 metros de integrante do grupo Black Bloc (os mais radicais durante os protestos) e defendido a filosofia da Alemanha nazista.
O teor dos textos, que consta em relatório de 232 páginas da Corregedoria da Polícia Militar, foi revelado neste sábado com exclusividade pela revista ‘Veja’. Em nota oficial, a PM informou que o Inquérito Policial Militar (IPM) está em andamento, na fase de cumprimento de exigências feitas pelo Ministério Público. O responsável pelas investigações é o coronel Gilson Chagas, comandante do 12º BPM (Niterói). “Todos os oficiais citados nos fatos já depuseram na qualidade de testemunhas”, complementou o texto.
Afastado do Choque em agosto de 2013, o oficial foi para o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e depois integrou a escolta do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame. Em novembro, retornou ao comando do Choque, desta vez, promovido a coronel. Em nota, a secretaria alegou que o oficial não é indiciado em nenhum IPM. É de Beltrame a palavra final no encerramento de cada inquérito. Se houver pedido de exoneração, é o secretário quem analisa a investigação produzida pela PM para só então ser encaminhado ao Tribunal de Justiça.
No período em que as mensagens teriam sido trocadas pelo oficial e subordinados, a ação dos Black Block estava no auge de ataque a prédios. Durante uma discussão do grupo sobre técnicas de combate aos manifestantes, o major Adriano teria sugerido a introdução da técnica com o uso do bastão, chamado de tonfa. Para o coronel Fábio, no entanto, o método de resolver a questão seria atirar com munição de fuzil:
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“Mata! Assim imobiliza para sempre...7.62 mata eles tudo (sic)...Porrada, paulada, fuzilzada, mãozada”. Nas mensagens, o oficial teria deixado claro projeto de poder para este ano. “Padrão Alemanha 1930”, numa referência ao nazismo. Há investigação ainda se, depois que o oficial deixou o Choque em agosto de 2013, houve boicote a ações policiais. Porém, hoje, o oficial está à frente da tropa novamente há quase dois meses.