Por adriano.araujo, adriano.araujo

Rio - Morreu na tarde desta terça-feira, 6, uma das figuras mais importantes da história da Portela: Maria das Dores Alves, a Tia Dodô. Lendária porta-bandeira da escola, Dodô estreou na agremiação em 1935, aos 14 anos, conduzindo o pavilhão azul e branco e ajudando a escola a conquistar o primeiro dos 21 campeonatos.

Natural de Barra Mansa, ela nunca deixou de estar com a Portela na Avenida. Ocupou o posto de primeira porta-bandeira até a década de 1950. Em 2004, teve papel de destaque no Sambódromo ocupando o posto de rainha de bateria. Há anos era de responsabilidade dela a organização da Ala das Damas, uma das mais tradicionais da escola, e à frente da qual sempre fez questão de desfilar. Católica fervorosa, era Dodô quem cuidava das cerimônias religiosas na quadra da agremiação, em Madureira.

Portela presta homenagem a Tia Dodô%2C que morreu nesta terça-feiraReprodução Facebook

Dodô completou 95 anos de idade no último sábado. Ela estava internada desde o dia 22 de dezembro no Hospital Municipal Ronado Gazolla, o Hospital de Acarí, na Zona Norte do Rio, onde deu entrada com infecção e quadro de desnutrição e desidratação. Dodô era moradora, há muitas décadas, do Morro da Providência, Zona Portuária carioca..

O vice-presidente da Portela, Marcos Falcon, que esteve com Dodô várias vezes durante o período em que ela esteve internada, está cuidando pessoalmente dos detalhes referentes ao velório e ao enterro. Local e horário ainda não estão definidos. O velório, a pedido da própria Dodô, não será na quadra da escola: "Ela repetiu diversas vezes que achava que a sede da escola era pra ser um local de alegria permanente".

Em sua página no Facebook, a Portela postou uma homenagem à histórica porta-bandeira. "Foi para perto de Deus nossa querida Tia Dodô. Está sendo recebida por outros grandes baluartes da Portela e do samba. Enquanto ela viveu cativou nossos corações com sua alegria e sabedoria. Desfilaremos em 2015 em sua homenagem, Dodô. A senhora é a história da nossa Portela!"

Em uma entrevista no site da Portela, Dodô revelou como o começo da carreira de porta-bandeira foi difícil e do amor que tinha pela escola. “No primeiro ano, ninguém me ensinou. Meu mestre-sala disse apenas para eu entrar quando tocasse o sinal. Era garra. Hoje, o que falta ao nosso samba é amor. Cada um por sua escola. Se fosse Portela, não podia sair na Mangueira, no Salgueiro. Atualmente, em uma única noite, as pessoas desfilam em quatro ou cinco escolas de samba. Estão enganando os outros.”

História de amor pela Portela

Maria das Dores Alves Rodrigues nasceu em Barra Mansa, no Sul Fluminense. Aos 14 anos, Dodô chegou à Portela e já começou a desfilar. Ela era a porta-bandeira na conquista do primeiro título da Azul e Branco, em 1935.

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Quem ia à casa de Dodô da Portela, no alto do Morro da Providência, não podia estar com hora para sair, pois a anfitriã não abria mão de mostrar as peças valiosas de seu museu particular, de contar histórias dos Carnavais de antigamente e de oferecer ao visitante um pouquinho da comida que estivesse no forno.
Gostava de costurar e rezar todos os dias. O maior prazer, no entanto, também era a razão de sua vida: desfilar pela Portela. Na escola de Oswaldo Cruz, estreou como porta-bandeira em 1935, pelas mãos do fundador Paulo da Portela, ajudando a escola a conquistar o primeiro dos 21 campeonatos.
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Após se 'aposentar', passou a comandar a Ala das Damas, uma das mais bem vestidas da Portela. Em 2004, escreveu outro glorioso capítulo de sua história ao ocupar o posto de madrinha de bateria. Foi ovacionada no Sambódromo. Admirada por representantes de todas as agremiações, Dodô completou 95 anos no último sábado e morreu nesta terça. Como uma águia, símbolo da Portela, voou para a eternidade.

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