Luiz Felipe Moreira Breves, o maquinista que conduzia a composição UP223, contou em seu depoimento que, quando estava na estação de Edson Passos, duas antes do local do acidente, foi orientado pelo controlador Fábio Oliveira Riboura a ficar parado no terminal, porque havia um trem à frente. Depois seguiu viagem até a estação seguinte, Mesquita, onde fez uma parada. Lá ele viu que o sinal estava vermelho. Mesmo assim, segundo ele, o controlador Fábio o autorizou a seguir até Presidente Juscelino. “Por causa da chuva não vi nenhum trem na estação. Só deu tempo de aplicar o freio de serviço máximo e pular da cabine”, disse, na 53ª DP.
Ainda nesta quinta, um perito da Polícia Civil esteve no Centro de Controle e Comando da SuperVia para analisar o painel em que os controladores veem os trens, para saber se o aparelho estava com algum problema. Segundo Matheus Almeida, o laudo ainda não está pronto. O delegado contou ainda que na próxima semana vai convocar mais três funcionários da SuperVia para prestar esclarecimentos.
O maquinista Luiz Felipe também contou que já havia se envolvido em outro acidente há sete anos. Segundo contou, o trem que conduzia descarrilou próximo à Estação de Queimados. Apuração interna da SuperVia o isentou da culpa. Não houve feridos naquela ocasião.
Já o acidente de segunda-feira deixou um saldo demais de 300 feridos. Até ontem, mais de 400 pessoas haviam registrado ocorrência na 53ª DP — muitas para obter reparação por dano moral. Duzentas e sessenta pessoas foram até o Instituto Médico Legal de Nova Iguaçu fazer exame de corpo de delito. O Procon Estadual notificou a SuperVia nesta quinta por causa da colisão. De acordo com a autarquia, a operacionalização do sistema de trens urbanos deveria evitar a colisão de um trem em movimento com outro parado.
Segundo o Procon, o Código de Defesa do Consumidor diz que órgãos públicos ou suas concessionárias são obrigados a fornecer serviços eficientes e seguros. O ato sancionatório determina que a SuperVia apresente sua defesa em um prazo de 15 dias após receber a notificação. Caso sua defesa não seja aceita pelo departamento jurídico do Procon, a concessionária será multada. O valor vai ser calculado a partir de relatório econômico da empresa, com base na receita bruta da concessionária nos últimos três meses.
Procon autua SuperVia por acidente em Mesquita
Novo sistema de segurança para trens é exigido há 15 anos.