Por victor.duarte
Rio - Um ato contra a violência organizado por Mausy Schomaker, mãe do estudante Alex Schomaker Bastos, de 23 anos, atraiu cerca de 200 pessoas, na manhã deste domingo. O jovem foi assassinado a tiros durante uma tentativa de assalto na Rua General Severiano, em frente ao campus da UFRJ, em Botafogo, Zona Sul do Rio, na noite desta quinta-feira.
A manifestação ocorreu em frente ao ponto de ônibus onde Alex foi morto e contou com a presença de amigos e familiares. No local foram colocados cartazes, fotos, faixas, rosas e coroas de flores. Os participantes entregaram cerca de 100 rosas brancas aos motoristas que passavam pelo local pedindo paz.

Muito abalada, a mãe de Alex fez um discurso exaltado e afirmou que o filho faria diferença no país. "Amanhã ninguém vai lembrar do meu filho. Ninguém cuida da educação, por isso meu filho caiu morto aqui. Estou fazendo esse protesto, mas logo vão esquecer dele. Eu não. Ele nasceu de mim, era meu. Era estudioso e ia fazer diferença neste país. E caiu morto, com um RioCard no bolso. Cadê o Secretário de Segurança aqui? Se o (José Mariano) Beltrame aparecer aqui eu dou na cara dele".

Alex Schomaker Bastos%2C de 23 anos%2C foi morto durante uma tentativa de assalto na noite de quinta%2C em Botafogo. Ele faleceu quando estava sendo operado no Miguel CoutoReprodução Facebook

Mausy Schomaker ainda destacou que só a educação pode mudar esse quadro da violência no país. "No dia 26 de janeiro, vou receber o diploma depois da morte do meu filho. Ele não vai ser biólogo, não vai ser pai. E as autoridades estão fazendo pouco caso, é o país da impunidade. Só a educação vai mudar isso".

"A gente precisa trocar as armas por livros. Toda vez que a nossa língua é desprezada o povo é desprezado. O Hino Nacional não pode ser cantado só no Maracanã, a gente tem que ter orgulho de cantar em qualquer lugar. As pessoas querem falar inglês, chinês, mas se esquecem do português. Só a educação transforma", disse Mausy.

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A mãe do estudante ainda disse que não vai perdoar os assassinos de Alex. "Esses pivetes que mataram meu filho talvez não tiveram chances na vida. Eu lamento, mas não tenho condição de perdoar. Não perdoo quem atirou no Alex e quem permitiu essa violência. Já peguei uma arma, fiz guerrilha pra vocês terem um país melhor. Sou de esquerda e vou morrer sendo. Temos que saber votar. Meu filho sangrou sozinho neste ponto", finalizou sob o coro de "eu sou Alex".
A irmã de Alex, Olivia Bastos, também se pronunciou. "Meu irmão morreu com sete tiros. Estão dizendo que foram três, quatro. Mas foram sete. Ele não reagiu, jamais reagiria. Quero que a imprensa pare de falar que ele reagiu porque não é verdade. Ele já foi assaltado várias vezes e nunca reagiu. Nenhuma autoridade se manifestou. Não tenho esperança, não acredito que as autoridades vão fazer alguma coisa, mas a gente está aqui, seguindo o script de quem perdeu uma pessoa para a violência do Rio", concluiu.