Rio - Com palavras de ordem que pediam paz, parentes e amigos de do estudante Alex Schomaker Bastos, de 23 anos, que levou com cinco tiros em tentativa de assalto, na quinta-feira, em frente ao campus da UFRJ, em Botafogo, participaram de um ato em protesto à violência na manhã de ontem, no mesmo local onde o rapaz foi assassinado. Cerca de 200 pessoas foram até o ponto de ônibus da Rua General Severiano com faixas e cartazes com dizeres “Eu sou Alex”, que eram exibidos junto à fotos e coroas de flores. Pedestres e motoristas que passavam pelo local receberam rosas brancas.
Muito abalada, a mãe dele, a professora Mausy Schomaker, se sentou no ponto de ônibus onde o filho foi morto. Ela foi amparada pelo o jornalista Andrei Bastos, pai de Alex. Logo vão esquecer dele. eu não”, disse,emocionada. Ela lembrou que, no próximo dia 26, Alex será homenageado pela UFRJ, quando Alex colarai grau. “Ele não vai ser biólogo, não vai ser pai”, lamentou Mausy.
VIDA ACADÊMICA
Um carro de som ajudou amigos e professores da UFRJ a fazerem os discursos. Eles relembraram histórias de Alex na adolescência e na sua vida acadêmica. No início da tarde, o grupo fez um abraço coletivo em frente ao local do crime e cantou o Hino Nacional. Ao final, uma salva de palmas. Minutos depois, os presentes seguiram para um sinal de trânsito na Avenida Venceslau, próximo ao ponto onde Alex foi atingido, e distribuíram flores.
“Amanhã ninguém vai lembrar do meu filho. Ninguém cuida da Educação, por isso meu filho caiu morto aqui. Hoje estou fazendo esse protesto, mas logo vão esquecer dele. Eu não. Ele nasceu de mim, era meu. Era estudioso, ia fazer diferença nesse país. E caiu morto com um RioCard no bolso. Cadê o secretário de segurança? Se o Beltrame aparecesse aqui eu dava na cara dele! Dia 26, vou receber o diploma dele. Ele não vai ser biólogo, não vai ser pai. E as autoridades estão fazendo pouco caso. É o país da impunidade. Meu filho se assustou e se agarrou na mochila. Agora tem norma pra morrer? Se reagir, morre? Ele tem o direito de ficar no ponto a hora que quiser. Que país é esse? Esses pivetes que mataram meu filho talvez não tiveram chances na vida. Eu lamento, mas não tenho condição de perdoar. Não perdoo quem atirou nele e quem permitiu essa violência. Não quero vingança nem morte. Ele morreu à toa, sem conhecer a Ilha Galápagos que tanto queria. Já peguei uma arma, fiz guerrilha para vocês terem um país melhor. Sou de esquerda e vou morrer sendo. Temos que saber votar. Meu filho sangrou sozinho nesse ponto. A gente precisa trocar as armas por livros. Toda vez que a nossa língua é desprezada o povo é desprezado. O Hino Nacional não pode ser cantado só no Maracanã, a gente tem que ter orgulho de cantar em qualquer lugar. As pessoas querem falar inglês, chinês, mas se esquecem do português. Só a Educação transforma”, disse Mausy Shomaker, mãe de Alex.