Por adriano.araujo, adriano.araujo
Rio - "Um deles (ladrões) me rendeu e disse: não para este ônibus para nada, senão estouro seus miolos", assim a motorista do ônibus que seguia para a Baixada Fluminense, Jeane Tavares, de 42 anos, sintetizou os momentos de pânico dentro do veículo da viação Trel durante uma tentativa de assalto na manhã desta quarta-feira na Avenida Brasil, na altura de Manguinhos. Dois passageiros ficaram feridos e o criminoso que rendia Jeane foi baleado e está internado. Seu comparsa morreu no local.

De acordo com a motorista da linha 470C (Central-Taquara, via Parada Angélica), o assalto foi por volta das 8h30 quando o veículo seguia para Taquara, bairro de Duque de Caxias. A ação durou poucos minutos, mas uma eternidade para os poucos mais de 20 passageiros que estavam no veículo, todos sentados. No meio do ônibus estava no sargento identificado como Júlio Cesar, lotado no Centro de Suplemento de Material da PM em Niterói, que reagiu e atirou contra os criminosos, que se posicionaram no fundo e na entrada do coletivo.

'Não para este ônibus para nada%2C senão estouro seus miolos'%2C ouviu a motorista Jeane TavaresCarlos Moraes / Agência O Dia

"Ele apontou a arma para a minha cabeça e, no momento que meteu a mão no dinheiro do caixa, o policial que estava no centro do ônibus reagiu e começou o tiroteio. Teve muito tiro e tinha cerca de 20 passageiros no ônibus, todos sentados. Durante o tiroteio, me deitei sobre o volante e continuei dirigindo o ônibus, porque se parasse poderia estar morta." Segundo Jeane, o horário, de menor fluxo de passageiros, impediu uma tragédia. "A sorte é que a esta hora o ônibus está vazio, se tivesse cheio e com pessoas em pé morreria muita gente", disse.

A passageira Rita Luzia Costa dos Santos, de 55 anos, voltava de Ipanema, onde trabalha como doméstica, para sua casa em Imbariê, em Caxias. Ela revelou que o pânico foi tão grande que não teve reação na hora dos tiros. "Estava sentada na frente do ônibus quando começou a confusão. Foi bala para tudo que é lado. Um dos estilhaços atingiu meu braço esquerdo. Nasci de novo. Fiquei com tanto medo que fiquei congelada no banco, nem tive reação de me jogar no chão."

Roubada duas vezes dentro de um ônibus da mesma linha em 2014%2C Rita Luzia Rocha está traumatizadaCarlos Moraes / Agência O Dia

Rita é vítima recorrente da falta de segurança nos ônibus. Ela disse já ter sido roubada duas vezes na mesma linha e tem medo de andar de ônibus. Ela disse que deve começar a ir ao trabalho de trem.

Outros dois passageiros foram foram encaminhados para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. Geneci Laureano Barbosa Neto, de 41 anos, foi atingido por um tiro de raspão no lado direito do rosto. Já Juvenal Alves Pereira, de 67 anos, foi baleado na mão direita. O estado de saúde deles é desconhecido.
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O bandido que sobreviveu, Nadyanara Lobão de Almeida, de 24 anos, fugiu após ser baleado por uma das janelas do ônibus. Ele deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Manguinhos, onde foi encontrado pela polícia e transferido para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier. O seu comparsa, que estava sem identificação, estava no fundo do coletivo e morreu no local. Dois revólveres calibre 38 que estavam com os marginais foram apreendidos com sete munições deflagradas e cinco intactas. A 21ª DP (Bonsucesso) investiga o caso.
De acordo com o Centro de Operações da Prefeitura carioca, a Polícia Militar interditou duas faixas da Avenida Brasil durante a ação e motoristas encontraram retenção no trecho em direção à Zona Oeste.
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Assalto a ônibus em Botafogo
Seis pessoas foram detidas, entre elas uma menor de 13 anos, por policiais militares do 2º BPM (Botafogo) num ônibus da linha 483 Penha-Copacabana na Rua Muniz Barreto, em Botafogo, Zona Sul da cidade, nesta terça-feira. Sete celulares e dois relógios de passageiros foram recuperados com os suspeitos. O caso foi registrado na 10ª DP (Botafogo).
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Com reportagem de Luarlindo Ernesto e Tiago Frederico
Edição: Adriano Araújo