Por thiago.antunes
Rio - O que era para ser uma despedida acabou tornando-se uma angústia para a família de Alisson dos Santos Silva, o Lorin, de 23 anos, que morreu durante uma troca de tiros com policiais militares, sexta-feira, em Belford Roxo, na Baixada. No lugar do corpo dele, que seria sepultado neste domigo no Cemitério da Solidão, estava um cadáver carbonizado e sem identificação — dentro do caixão havia papel do Instituto Médico-Legal (IML) que dizia se tratar de um indigente morto no dia 12.
Pai de Alisson%3A inconformadoGuilherme Santos / Agência O Dia

“O corpo que chegou aqui foi de uma pessoa carbonizada. Não era o Alisson. Na sexta-feira, fui ao Hospital da Posse (em Nova Iguaçu, onde Lorin morreu), e ele estava perfeito, com aparelhos no dente e tudo”, disse a mulher do rapaz, Franciele Aquino, de 23. Ela, que era casada há cinco anos com a vítima, contou que no sábado o pai de Alisson foi até o IML de Nova Iguaçu para reconhecer o corpo do filho, mas foi impedido de entrar na sala.

“Só colheram as digitais dele e não deixaram ele ver o filho. Um absurdo”, desabafou Franciele.
Pai de Alisson, o motorista Ilton Vargas, de 44, na tarde deste domingo ao IML com outros familiares e o dono da funerária. Após duas horas, o corpo certo foi localizado.

“Inadmissível um erro desse. Nenhum cidadão merece esse tratamento”, disse Ilton, revoltado.
Ele vai procurar uma delegacia para registrar a troca de cadáveres hoje. E pretende processar o estado. “O que fizeram comigo e minha família é um crime. Isso não pode ficar impune”, afirmou o motorista.
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Quase seis horas depois do horário marcado para o enterro, Alisson foi sepultado. “Era um garoto muito bom, mas escolheu a vida errada”, disse a viúva. No enterro, no fim da tarde deste domingo, a mãe de Lorin passou mal. Familiares usaram camisas personalizadas com a frase: ‘Saudades eternas, Alisson’.
Através de nota, a Polícia Civil informou que, segundo o diretor do Posto Regional de Polícia Técnico Científica (PRPTC) de Nova Iguaçu, Angelo Silvares Gonçalves, uma sindicância foi instaurada para apurar a troca dos corpos. “Eles precisam ter um preparo melhor. Merecemos um tratamento digno e os corpos que estão lá também. Hoje (ontem) me deixaram entrar e vi vários corpos jogados com sangue, faca espalhada. Uma sujeirada”, desabafou Ilton Vargas.
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