Por marcello.victor
Asafe William Costa Ibraim, de 9 anos, teve a morte cerebral confirmada na tarde de quarta-feira. Data de seu sepultamento ainda não foi definidaReprodução

Rio - A família do menino Asafe William Costa Ibraim, de 9 anos, que teve morte cerebral atestada na tarde de quarta-feira, após ser vítima de bala perdida em um clube em Honório Gurgel, na Zona Norte, e ficar três dias internado no Hospital Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, Duque de Caxias, decidiu doar os órgãos da criança. A mãe e o pai estiveram na unidade de saúde até o início da madrugada desta quinta-feira. Elas lamentaram o incidente, agradeceram o apoio recebido desde o incidente e explicaram o motivo da doação.

"Achamos que é o melhor a fazer. Com essa perda decidimos juntos, eu e ela (Diná Costa, mãe de Asafe) e nossa família, fazer essa boa ação. Não adianta ficar lamentando. É uma perda e hoje a gente ainda vai sofrer muito com isso. Achamos melhor fazer a doação para ajudar o próximo", disse o mecânico Vágner Rodrigues Ibraim, pai de Asafe, ao lado da mulher na saída do hospital.

Segundo o mecânico, ainda não há previsão de velório e sepultamento de Asafe. O corpo permanece no Hospital de Saracuruna e deve ser transferido ainda nesta manhã para o Instituto Médico Legal (IML), em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio. O caso deve passar da 31ª DP (Ricardo de Albuquerque) para a Divisão de Homicídios. Imagens de câmaras de segurança da região estão sendo solicitadas para tentar descobrir de onde partiu o disparo que atingiu o olho do menino no clube Sesi, de Honório Gurgel.
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O pai da criança aproveitou para relembrar a personalidade de Asafe e agradecer a solidariedade recebida: "Meu filho era muito extrovertido, alegre, carinhoso, brincalhão demais. É um garoto que vai deixar uma saudade, um vazio. Mas, em nome de Jesus será preenchido por ele. Graças a Deus temos muitos amigos, família, pessoas que nos rodeiam. Queria agradecer a todos que oraram pelo meu filho, pela melhora dele. Eu amo cada um de vocês. O fato de vocês estarem juntos com a gente, nos confortando. Isso é o que está preenchendo o nosso vazio".
Diná Costa fez coro com o marido: "Queria agradecer a tos pelas orações, ao pessoal do hospital, a equipe médica que atendeu o nosso filho. Agradecer as orações, correntes, ao pessoal da nossa igreja, que esteve orando, acompanhando a gente, o nosso filho".
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Os pais de Asafe disseram sonhar com um mundo de mais paz para criar outros dois filhos, de dois e 16 anos, mas sabem que a realidade é diferente.
"Agora a gente tem que abraçar tudo o que tem e redobrar a atenção (com os outros dois filhos). É um pouco difícil...A violência está em todo o canto. Você não vai esperar que seu filho seja alvejado dentro de um clube de recreação, onde tiramos para passar o o dia. Meu filho estava extremamente feliz", recordou Vágner.
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Diná mostrou realismo e pessimismo ao ser perguntada em que lugar gostaria de criar as duas outras filhas após a tragédia com Asafe. "Não sei se existe, mas sei que se que é um lugar com paz. Mas, o que a gente vê esse lugar não existe, em lugar nenhum. Infelizmente".
Esse foi o segundo caso de uma criança baleada no final de semana. No último sábado, Larissa de Carvalho, de 4 anos, foi atingida quando deixava um restaurante com a família, em Bangu, na Zona Oeste. A menina também morreu.
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Polícia busca imagens do atirador
As investigações sobre a morte de Asafe William estão a cargo da 31ª DP (Ricardo de Albuquerque) e poderão ser encaminhadas para a Divisão de Homicídios (DH). De acordo com a Polícia Civil, familiares da criança e funcionários do Sesi estão sendo ouvidos e imagens de câmeras do clube já foram solicitadas para ajudar nos trabalhos.
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No caso de Larissa, a DH já sabe que o tiro que a atingiu veio de cima e que o atirador deve ter disparado para o alto, pois a bala entrou na parte superior da cabeça da menina. O padrasto dela, Wellington Nascimento, contou que Larissa estava atravessando a Rua Rio da Prata, vindo em direção a ele, quando caiu baleada.
“Ela estava no lugar errado, na hora errada”, lamentou Wellington. A mãe da menina, Mileni de Carvalho, que chegou a desmaiar durante o velório, terça-feira, iniciou ontem tratamento psicológico.
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Quando foi baleada, Larissa estava acompanhada de 11 parentes que saíam do restaurante, em Bangu. Segundo Wellington, todos foram prestigiar o show de um amigo que toca violão em um bar do bairro e foram jantar em seguida.
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