Por adriano.araujo, adriano.araujo
Rio - Felipe de Araújo Vieira, de 23 anos, assassinado com um tiro de fuzil no peito, na manhã de terça-feira, na porta de uma padaria da Vila dos Pinheiros, no Complexo da Maré, não tinha tido passagem pela polícia, conforme a assessoria de imprensa da Polícia Civil. Parentes de Felipe acusam soldados do Exército de terem assassinado o jovem sem motivação e contestam que ele tenha trocado tiros com a tropa.
Representantes de entidades ligadas aos direitos humanos se disseram indignados com o teor de nota emitida na noite de quarta-feira, classificada como “evasiva”, enviada ao DIA, reafirmando que Felipe era bandido, mas sem mencionar nenhum tipo de prova. O rapaz foi socorrido por moradores ainda agonizando, conforme vídeo obtido pela reportagem, mas não resistiu.
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Diz a nota: “A Força de Pacificação reitera que o indivíduo participava de ações criminosas, conforme o contínuo monitoramento que realiza das facções criminosas”, diz o texto. “Corrobora esta avaliação o comportamento de indiferença da comunidade e o modus operandi do socorro, típico das facções , antecipando-se às forças legais para evitar a coleta de provas”, finaliza a nota.
O advogado João Tancredo, presidente do Instituto dos Defensores dos Direitos Humanos, não poupou críticas à Força de Pacificação.
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“Essa justificativa do Exército é tosca e absurda. Parece que a corporação está aprendendo direitinho com os bandidos da Maré de como exterminar inocentes. Além disso, historicamente são as forças policiais que se apressam em alterar locais de crimes e esconder provas”, ironizou Tancredo.
A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) vai pedir esclarecimentos ao Exército. A Força de Pacificação não informou se ação que culminou com a morte de Felipe, que tinha um lava-jato, foi filmada pelos agentes.