Por nicolas.satriano
Comoção no enterro de Asafe%2C 9 anos%2C baleado em piscina do SesiErnesto Carriço / Agência O Dia

Rio - A 'chuva' de balas perdidas no Rio parece não ter fim. Na tarde desta sexta-feira, mais uma vítima, desta vez no Parque de Madureira, Zona Norte. Edilton de Jesus dos Santos, 20 anos, acompanhava o campeonato Mundial de Skate Bowl na arquibancada do evento, quando foi ferido de raspão no braço e na perna. Uma pessoa foi baleada por dia na última semana. Das sete vítimas, três eram crianças, sendo que duas morreram.

Em 2014, 2.670 pessoas foram feridas por disparos de arma de fogo no estado. Deste total, 2.011 atendimentos foram feitos em hospitais estaduais e outros 659 foram casos registrados somente em quatro unidades municipais.

Segundo a direção do Hospital Estadual Carlos Chagas, para onde Edilton foi levado, o paciente deu entrada na unidade lúcido e orientado, com estado de saúde estável. Ele passou por exames e foi transferido para o Hospital Estadual Albert Schweitzer, em Realengo.

Durante a manhã desta sexta-feira, policiais do 9º BPM (Rocha Miranda) fizeram uma operação no Morro Serrinha, próximo ao parque, e houve troca de tiros.

Enquanto o rapaz era medicado, familiares e amigos se despediam de Asafe William Costa Ibraim, 9 anos. O menino, atingido por bala perdida no olho direito dentro do Sesi de Honório Gurgel, no domingo, teve morte cerebral confirmada quarta-feira. Na hora do fato, testemunhas ouviram diversos disparos no Morro do Jorge Turco, em Rocha Miranda.

“Quando as autoridades vão abraçar nossos filhos? Quem vai olhar para as nossas crianças, que estão morrendo e ninguém está fazendo nada?”, questionou a mãe do menino, Diná Costa, 38.

Pai de Asafe, Wagner Rodrigues Ibrahim, que chegou a passar mal, também desabafou. “A gente vê a violência aumentando. A gente quer um basta e saber do Estado quando isso vai acabar”, criticou.

Já a pequena Lavínya Cordeiro Crissiullo, de 3 anos, baleada na noite de quinta-feira na Rua Laura de Araújo, no Estácio, durante troca de tiros entre policiais e bandidos, passa bem. O projétil ficará alojado em sua perna pelo menos por 1 ano, segundo a família. A polícia apura de onde partiu o disparo e apreendeu armas de PMs para perícia. “Fiquei apavorada, mas tive forças para ir com a minha filha até o hospital”, contou Lucilene.

Fim do sonho: Menino queria visitar o Cristo

Durante o enterro de Asafe, no cemitério do Caju, Wagner falou sobre o sonho do filho: “Ele morreu sem conhecer a cidade do Rio. Queria visitar o Cristo, andar de bondinho, mas sua vida foi tirada”, lamentou.
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Além de Asafe, Larissa de Carvalho, 4, morreu sábado após ser atingida em Bangu. No bairro, foram feridos ainda Carlos Eduardo Rodrigues, 33, também no sábado, e Márcia Costa, 44, terça. William Robaiana, 35, foi atingido em Santa Cruz, quinta. Todos seguem em observação.
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