Por thiago.antunes
Rio - Se as recomendações do Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio de Janeiro (PERHI), aprovado em março de 2014, fossem tiradas do papel, o aposentado Robson Barreto, de 58 anos, morador de Nova Iguaçu, na Baixada, não teria de comprar toda semana os oito galões de água que leva para casa.
Ele é um dos constantes personagens nas matérias do DIA sobre o crônico problema de falta d’água. O aposentado gasta, por mês, cerca de R$ 40 com os galões. Como ele, outros 1,3 milhão de moradores ficam sem água na Região Metropolitana do Rio, apontou o estudo.
Vista aérea do Rio Sarapui%2C em Caxias%2C citado no estudo como uma das alternativas à falta de águaBanco de imagens

Encomendado pelo próprio governo do estado ao Laboratório de Meio Ambiente da UFRJ por R$ 1,8 milhão, o relatório aponta, em alguns casos, como o de certas localidades de Baixada Fluminense, soluções bem ‘caseiras’, como utilização de rios locais, aqueles que correm nos fundos de muitos imóveis.

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Para os técnicos que desenvolveram o PERHI, só será possível alcançar a universalização do abastecimento na região com o aproveitamento dos seus próprios mananciais. E citam, por exemplo, a “margem esquerda do Rio Iguaçu e (de) afluentes do Rio Sarapuí, como o Dona Eugênia”.
Programa de saneamento
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Famosos nas locais por onde passam, os rios reforçariam, segundo o plano, o atendimento não só a Robson Barreto, de Nova Iguaçu,que já estava sem esperança. “Talvez não viva para ver o atendimento como deveria”, dizia à época, sem saber o que sugerira o estudo da UFRJ: seu vizinho Rio Nova Iguaçu poderia ser aproveitado para atender a moradores de Mesquita e Belford Roxo.
Outra região que convive ainda mais com a escassez de água é Magé, onde, segundo o relatório, nem metade (45%) da população é atendida pela Cedae. Os rios Irirí, Roncador, Piabetá e Estrela, lá mesmo, são citados como alternativas para o problema.
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Segundo o PERHI, a dificuldade em Magé e municípios como Guapimirim — que é atendido por uma companhia municipal — e a parte de Caxias está em serem localidades entre os sistemas que distribuem água para a Região Metropolitana. As recomendações, entretanto, são acompanhadas do alerta para os “necessários — antes de se iniciarem as captações — levantamentos do potencial dos mananciais” e da situação dos programas de saneamento básico.
Quase metade das casas sem esgoto
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O maior problema para a utilização dos rios locais é a carência do esgotamento sanitário. Na Baixada, por exemplo, segundo o IBGE, quase metade (47%) das casas não tem o esgoto ligado à rede de tratamento, abaixo até da média do resto do estado, que é de 77%. Na capital, porém, 91% do esgoto é tratado. Para este problema, o plano aponta uma saída à possível reclamação de falta de recursos. O documento lembra que a legislação determina o uso de parte da arrecadação sobre o setor de saneamento para a coleta do esgoto das bacias. Até novembro, o dinheiro arrecadado ultrapassou os R$ 160 milhões.
Ainda naquele mês, as maiores arrecadadoras — que são as redes Guandu e Baía de Guanabara, responsável pela gestão das bacias que atendem à Região Metropolitana — detinham em seus caixas, juntas, mais de R$ 70 milhões.
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No relatório de seus gastos, a que o DIA teve acesso, estão listados sem detalhe projeto na área. Foram cerca de R$ 30 milhões em ajuda a prefeituras para o tratamento de esgoto. Questionada, a Secretaria estadual do Ambiente enviou informações sem os detalhes pedidos. “Destacam-se o financiamento e a elaboração dos Planos Municipais de Saneamento Básico, concluídos ou em elaboração. Investem também em projetos de saneamento básico ou em contrapartida de obras”, respondeu genericamente.
‘Abastecimento 100% até 2035’
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Anunciada pelo governador Luiz Fernando Pezão, a ampliação da Estação de Tratamento de Guandu prevê a chegada de 24 mil litros por segundo a parte dos municípios da Baixada. Hoje são cerca de 49 mil l/s disponibilizados e insuficientes à demanda de 53 mil l/s.
No entanto, afirma o documento do Laboratório de Hidrologia da UFRJ, daqui a 15 anos, a demanda será de 68 mil l/s e, com isso, serão necessários novos estudos e alternativas para o que acontecer depois. O presidente da Cedae, Jorge Briard, afirma que a obra na estação de Guandu será suficiente para não só universalizar a água na região: “O abastecimento de 100% da região estará garantido até 2035.”
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obre as soluções locais apontadas pelo PLERHI, Briard afirma que a companhia tem investido em sistemas pequenos, “complementares” ao de Guandu, como o que a Cedae constrói em Campos Elísios e Saracuruna, em Caxias, e um em Japeri. Segundo ele, um pequeno, na Taquara, já entrou em operaçã
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