Por adriano.araujo

Rio - Os acusados pela morte do cinegrafista Santiago Andrade, atingido por um rojão durante uma manifestação no Centro do Rio, em fevereiro de 2014, devem ser soltos nesta quinta-feira do complexo penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste. Fábio Raposo Barbosa e Caio Silva de Souza não responderão mais pelo crime de homicídio, após o Tribunal de Justiça do Rio (TJ) acatar recurso da defesa.

Um grupo está na porta do complexo penitenciário e aguarda as saídas de Fábio e Caio. A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) informou que até as 9h ainda não havia recebido nenhum documento oficial acerca da soltura dos dois. O Ministério Público vai recorrer da decisão da 8ª Câmara Criminal.

Fábio Raposo Barbosa%2C de 23 anos%2C e Caio Silva de Souza%2C 22 anos%2C podem ser soltos nesta quinta-feiraPaulo Carneiro / Agência O Dia

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A defesa desclassificou o crime de homicídio triplamente qualificado (com intenção de matar). Porém, foi considerado o crime de explosão seguida de morte, pelo qual a dupla responderá. A pena poderá chegar a oito anos de prisão.

Apesar da soltura dos dois, eles terão que cumprir medidas cautelares impostas pela Justiça como a proibição de acesso, frequência a reuniões, manifestações ou presença em locais de aglomeração de pessoas de cunho político ou ideológico. O contato com qualquer integrante do grupo "black blocs" também está vetado.

De acordo com decisão da 8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio (TJRJ), os réus também foram proibidos de sair da capital, são obrigados a permanecer em casa durante a noite e nos dias de folga, principalmente nos fins de semana, além do já anunciado monitoramento eletrônico por meio de tornozeleiras.

Relembre o caso

Santiago Andrade morreu depois de ser atingido por um rojão quando filmava uma manifestaçãoReprodução

?O cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, de 49 anos, morreu depois de ser atingido na cabeça por um rojão enquanto cobria manifestação no Centro do Rio, em 6 de fevereiro de 2014. Os jovens Caio Silva de Souza e Fábio Raposo foram acusados de soltar o explosivo e foram denunciados pelo MP pelo crime de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e uso de explosivo).

Após ser atingido pelo rojão, Santiago Andrade ficou internado no Hospital Souza Aguiar por quatro dias e morreu em decorrência dos ferimentos. A explosão lhe causou afundamento no crânio.

Segundo a denúncia do MP, Fábio teria entregado o rojão para Caio com a finalidade, previamente, de direcioná-lo ao local onde havia uma multidão, inclusive composta por policiais militares. Na época, os dois afirmaram que já se conheciam de outras manifestações e agiam juntos.

Caio e Fábio respondem ainda por outra ação criminal, em que são acusados de atos violentos em protestos de 2013. A ativista Eliza Quadros, a Sininho, também é ré no processo e é considerada foragida da Justiça.

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