Por nicolas.satriano

Rio - A intenção da Secretaria estadual do Meio Ambiente de fazer uma parceria com a ONG dos irmãos Grael para a gestão de ecobarcos e a instalação de ecobarreiras na Baía de Guanabara foi por água abaixo. O Instituto Rumo Náutico, criado pela família de velejadores, rejeitou a proposta de um convênio R$ 20 milhões, válido por 18 meses, que seria feito sem concorrência, com vistas à Olimpíada de 2016.

“Não queremos substituir o papel do estado, ainda mais sob o risco institucional de uma dispensa de licitação”, explicou Lars Grael.

Diante da recusa, o secretário estadual do Meio Ambiente do Rio, André Corrêa, anunciou que vai que fazer uma licitação para o programa de coleta de lixo flutuante na baía. “Foi uma surpresa. Estava discutindo o acordo há 60 dias. Eu imaginava que poderia fazer a parceria. Provavelmente, o clima político no Brasil, em que todo mundo é suspeito, assustou os Grael e eles resolveram voltar atrás”, ressaltou.

O lixo trazido pela maré se acumula na areia da Praia de Botafogo%3A local terá uma raia de competiçãoBruno de Lima / Agência O Dia

O secretário disse que o não da ONG vai atrasar o reinício da limpeza do local. Ele informou que serão necessários entre 60 e 70 dias para criação do edital de licitação e mais dois meses para que o processo seja concluído.

Segundo ele, a recusa mostra que o instituto “é formado por pessoas sérias”. No entanto, disse esperar uma colaboração: “Não teremos um convênio, mas eles têm conhecimentos técnicos da Baía de Guanabara que ninguém tem”, frisou.

De acordo com Axel Grael, que produziu um estudo sobre a gestão do lixo flutuante na Baía de Guanabara, o instituto vai continuar motivando os seus alunos a se engajarem na luta pela despoluição. “Mas isso deve ser feito dentro das vocações e das limitações organização”, observou Axel.

O plano da secretaria previa a construção de cinco novas barreiras para segurar o lixo que chega à baía pelos rios, além de recolocar em circulação dez barcos equipados para coletar objetos que permanecem boiando.

Qualidade da água em trechos como o da Praia de Botafogo é péssima

O resultado das últimas análises das condições da Baía de Guanabara feitas pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) mostram que no trecho junto à margem que vai de Duque de Caxias a Botafogo a qualidade da água é péssima. Ali foram detectados sete pontos com mais de 4 mil coliformes fecais por 100 mililitros de água.

Segundo resolução federal, o máximo tolerável para o chamado contato secundário, que iatistas e velejadores vão ter durante as competições no local, é o nível de 2.500 coliformes por 100 mililitros.

Já o limite dos indicadores de balneabilidade, que avaliam se a água está própria para o banho, é de mil coliformes por 100 mililitros de água. No ano passado, na Praia de Botafogo, local de uma das raias de competição dos Jogos do Rio, foi registrado o índice de 5 mil coliformes fecais por 100 mililitros. 

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