Por tabata.uchoa

Rio - Um vídeo compartilhado no Facebook na madrugada desta quinta-feira mostra o resgate de Elizabeth de Moura Francisco, de 40 anos, baleada na porta de sua casa, no Complexo do Alemão, durante uma troca de tiros nesta quarta. Nas imagens, os moradores aparecem tentando salvar a vida de Elizabeth, que foi atingida no pescoço, e a colocam dentro de um carro às pressas. Ela foi levada para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, mas não resistiu.

Violência afasta empresas, moradores e iniciativas oficiais do Alemão


Pai nega que filho baleado no Alemão tenha envolvimento com o tráfico

O pai de Davydson Monteiro da Silva, de apenas 15 anos, baleado durante tiroteio na Fazendinha, no Complexo do Alemão, negou que o filho tenha envolvimento com o tráfico de drogas na região ocupada por uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Segundo a UPP, com o adolescente foi encontrada uma pistola e ele teria participado do confronto com os policiais.

"Não acredito que meu filho seja bandido e que ele estivesse com uma pistola trocando tiros com a polícia", disse Waldenir Pereira da Silva. Ele agradeceu também o socorro que o filho teve por parte de quem mora na região, que, segundo ele, garantiu que o filho ainda estivesse vivo. "Agradeço a Deus que foi um morador que o socorreu e não um policial, senão ele estaria morto", falou. Entretanto, Waldenir disse que o filho abandonou os estudos e dorme algumas vezes fora de casa.

Davyson passou por cirurgia e está no CTI do Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. Segundo informações, ele não corre risco de morte. Inicialmente foi informado que o jovem não teria resistido aos tiros e morrido no hospital, o que de fato não aconteceu.

De acordo com a Coordenação de Polícia Pacificadora, policiais dos batalhões de Choque e do Bope reforçam o patrulhamento nas UPPs do Alemão, Fazendinha e Nova Brasília. Não há informações de confrontos na região nesta quinta-feira.

Dia violento no Complexo do Alemão

Três mortes ocorreram na tarde e noite de desta quarta-feira, duas delas de suspeitos, segundo a polícia, e outra de uma moradora que estava dentro de casa e foi atingida por uma bala perdida. Indignados com a violência, que segundo moradores já dura 90 dias consecutivos com tiroteios constantes, muitos usaram as redes sociais para protestar e mostrar revolta com a situação.

"Amigos, se continuar assim, hoje foi esta senhora, amanhã quem será? E depois de amanhã? Morrem os adultos, as crianças ficam orfan (SIC), se morre uma criança é o nosso futuro destruído. Não dá para continuar assim, temos que fazer a manifestação pacífica sim", defendeu uma moradora.

Elizabeth Alves de Moura Francisco tinha 41 anos e trabalhava em uma creche da comunidade. Ela foi atingida dentro de sua casa na localidade da Alvorada, próximo à Rua 2, por dois tiros, um deles na boca. Sua filha, de 16 anos, também foi atingida por um tiro no braço e foi levada para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. Não há informações sobre o seu estado de saúde.

“É um absurdo a pessoa não estar livre de tanta violência nem mesmo dentro de casa. Minha tia era uma pessoa maravilhosa e que vai fazer muita falta para todos nós”, desabafou a sobrinha de Elisabeth, Keiny Francisco, de 26.

Um suspeito, identificado como Farinha, foi morto a tiros em frente à casa de Elisabeth. Já o jovem morto nesta manhã levou quatro tiros e passou por cirurgia, também no Getúlio Vargas. Agentes da Delegacia de Homicídios realizaram perícia e vão recolher as armas dos policiais militares para tentar descobrir de quem partiu o tiro que matou Elizabeth.

Por volta de 20h30, moradores denunciaram, por redes sociais, que um jovem teria sido torturado e morto na área do Canitar. Durante a madrugada policiais da UPP do Alemão registraram na 22ª DP (penha), a morte de Mateus Gomes Lima, de 18 anos.

Segundo os PMs, Mateus foi baleado e socorrido no HGV, após um confronto com marginais durante a troca de turno do policiais. Uma pistola 9mm foi apreendida e apresentada como sendo do suspeito. A família nega que ele tivesse envolvimento com a quadrilha que atua no tráfico de drogas na comunidade.

Com informações de Flávio Araujo

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