Por felipe.martins

Rio - O clima é de incerteza em Volta Redonda, no Sul Fluminense, após a notícia de que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) manteve a cassação do mandato do prefeito Antonio Francisco Neto (PMDB) e do vice Carlos Roberto Paiva (PT). Surpresa era a palavra mais empregada pela maioria da população da cidade, que amanheceu nesta quinta-feira dividida entre o repúdio à decisão ou ao nome de quem deve assumir a prefeitura. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) não confirmou, mas, em vez de nova eleição — como chegou a ser cogitado —, deverá ser empossado o segundo colocado na eleição de 2012, o ex-deputado federal Jorge de Oliveira (PR), o Zoinho.

Neto venceu o segundo turno com 55,15% dos votos válidos, contra 44,85% de Zoinho — a cidade possui 257.803 habitantes, sendo 216.938 eleitores, segundo o IBGE. A tendência é que seja mantida a primeira decisão do TRE, em 2013, que indicou que o segundo colocado assumiria a prefeitura.“É uma falta de respeito com os eleitores. Está faltando seriedade dos ministros que julgaram, não pensaram nas consequências para a população”, escreveu Hermes Nascimento no Facebook, ao comentar a notícia do DIA.

Clima de incerteza%3A Neto se diz injustiçado e tentará recorrer. Zoinho%2C segundo colocado%2C deverá assumir Divulgação

“É duro uma pessoa que admiti (sic) que HONESTO só JESUS ainda continuar sendo beneficiado por estas leis absurdas!...sou a favor de novas eleições! Não defendo ninguém, só o direito de não querer um ficha suja na minha cidade!”, escreveu Lilian Peres.

Ela se referia a uma declaração de Zoinho ao ‘Fantástico’, da TV Globo, que ficou famosa: “100% honesto só Jesus Cristo”. O ex-deputado também foi acusado, em 2013, de fazer propaganda eleitoral antecipada em Volta Redonda e respondeu processo por irregularidades na locação de veículos na Câmara Federal. Procurado para comentar a possível posse, Zoinho desligou o telefonema do DIA.

Especialista da OAB defende novo pleito

Para Paulo César Salomão Filho, presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB-RJ, quando uma cidade com mais de 200 mil habitantes teve segundo turno e cassa o mandato do prefeito eleito é necessário realizar uma nova eleição. “A maior parte dos votos válidos, neste caso, foi invalidada pela Justiça Eleitoral. Por isso teria de acontecer uma nova eleição”. Ele também comentou a decisão do TSE: “Foi superapertada, 4 a 3. Eu não posso dizer que foi uma decisão equivocada, mas foi surpreendente, com certeza”.

Condenado por abuso econômico no primeiro turno, Neto trabalhou normalmente nesta quinta-feira e se reuniu com o secretariado. Ele voltou a dizer que se sente injustiçado e informou que, assim que o acórdão do TSE for publicado e ele, notificado, vai entrar com embargos de declaração, para tentar que a decisão seja reapreciada. O TSE informou que a notificação ao prefeito cabe ao TRE-RJ, que, por sua vez, limitou-se a informar que deve “aguardar a comunicação oficial do TSE para conhecimento e cumprimento da decisão”.

Colaborou Vinícius Amparo

Você pode gostar