Por tiago.frederico

Rio - A empresa Santa Maria, consorciada ao BRT Rio, demitiu por justa causa, na manhã desta sexta-feira, o motorista Cláudio Hamilton. Ele dirigia o ônibus do corredor expresso Transcarioca, no início da noite desta quinta-feira, quando uma menina de 6 anos ficou pendurada do lado de fora do coletivo, entre as estações Parque União e Aroldo Melodia, na Zona Norte do Rio.

Apesar do pedido de passageiros, o motorista só parou após cerca de dois quilômetros. Ele abandonou o local sem prestar esclarecimentos e atendimento. A criança e a bisavó sofreram ferimentos leves. O caso foi registrado como lesão corporal culposa, quando não há intenção de matar.

A família da menina de 6 anos%2C que ficou pendurada do lado de fora de um ônibus do BRT Transcarioca%2C registrou o caso na 21ªDP (Bonsucesso)Reprodução / TV Globo

A mãe da menina, Jéssica Florêncio Lira, de 23 anos, achou justa a decisão da empresa em demitir o motorista. "Acho justo (a demissão), pois ela tinha obrigação de parar".

Dois adultos e cinco crianças de uma mesma família embarcaram no ônibus do BRT, na estação Penha, para ir a uma sessão de cinema. Por volta das 18h30, quando o veículo chegou à estação Parque União, onde a família desembarcaria, o motorista arrancou com o coletivo. A menina ficou do lado de fora, com a mão presa na porta e em pé no degrau da escada.

Em depoimento na 21ªDP (Bonsucesso), a tia da criança, Michele Florêncio, 30, contou que ao ver a situação gritou e chegou a agarrar o motorista mandando que ele parasse. Ele se negou, dizendo que apenas poderia parar na estação seguinte, Aroldo Melodia, já na Ilha do Governador, a cerca de dois quilômetros de onde a família ia desembarcar.

Ao descer do ônibus, Cláudio foi embora sem prestar esclarecimentos sobre ocorrido. De acordo com policiais do 22ºBPM (Maré), o motorista não estava no local na chegada da polícia. "Ele soltou e disse para os fiscais: 'olha eles (passageiros) querem falar com vocês' e foi embora", acusou Jéssica.

Segundo a mãe, apesar da menina não ter sofrido nenhuma lesão, ela ainda está em estado de choque. "Fico feliz por ela estar bem, mas chateada com a situação. Ela está com febre, dor de barriga e muito nervosa. É revoltante", desabafou a mãe, afirmando que a filha não quer mais viajar no ônibus do BRT. "A menina disse que ainda quer ver o filme, mas que nunca mais quer andar de BRT. E eu também", diz.

Menina de 6 anos fica pendurada no BRT Transcarioca e motorista foge

Cláudio tentou registrar ocorrência horas depois na 64ªDP (São João de Meriti). Jéssica e a avó, de 83 anos, sofreram ferimentos leves, foram atendidas no Hospital Federal de Bonsucesso e liberadas. Conforme registro de ocorrência, a perícia não foi feita porque o ônibus foi recolhido do local pela empresa Santa Maria.

Em nota, a concessionária que administra o BRT informou que "a atitude do motorista não condiz com a postura que se espera dos profissionais que atuam no sistema BRT. O BRT Rio solicitou à empresa consorciada que afaste o motorista de suas funções e o encaminhe à requalificação. A menina e sua família receberão todo suporte necessário. O Consórcio BRT apoiará o trabalho da polícia na investigação do caso".

Comissão da Criança, do Adolescente e Idoso, da Alerj, cobra providências

Presidente da Comissão de Assuntos da Criança, do Adolescente e do Idoso, a deputada estadual Tia Ju cobrou providências dos órgãos responsáveis para que averiguem o crime cometido pelo motorista do ônibus. 

A deputada oficiou o secretário municipal de Transportes, Rafael Picciani, para saber as providências tomadas em relação ao caso. Também enviou ofício à delegacia para que a unidade forneça o registro de ocorrência e questionou a empresa do BRT, formalmente, para saber como é a capacitação dos motoristas.

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