Por tiago.frederico
A travesti foi vencedora do Baile Glam Gay%2C na MangueiraReprodução

São Paulo - O Centro de Cidadania LGBT Arouche, órgão ligado à Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo, informou nesta quinta-feira que a travesti Verônica Bolina, que ficou com o rosto desfigurado após ser presa na capital paulista, contou ter sofrido agressões de policiais militares e de 'preto', numa referência aos agentes do Grupo Operações Estratégicas (GOE). É a primeira vez, desde que o episódio veio à tona, que a jovem admite ter apanhado.

As agressões teriam ocorrido no momento de sua prisão, durante o episódio em que atacou o carcereiro da Polícia Civil - a jovem arrancou parte da orelha do agente - e no Hospital Mandaqui, onde recebeu atendimento médico.

De acordo com uma nota divulgada pelo Centro de Cidadania, a jovem passou por dois exames de corpo de delito, mas os laudos ainda não ficaram prontos. "Na delegacia, ela se encontra em uma cela individual e tem garantido o uso de suas roupas femininas e peruca de uso próprio, respeitando a sua identidade de gênero", afirmou o órgão, que vai encaminhar denúncias para as ouvidorias das polícias Civil e Militar.

A travesti foi vencedora do concurso do Baile Glam Gay que aconteceu em fevereiro, na Mangueira. Ela foi presa, na sexta-feira, depois de ter se envolvido numa confusão no flat em que mora, no bairro Frei Caneca, na capital paulista. Ela é acusada de agredir uma idosa que reclamou do barulho da briga.

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O governo de São Paulo abriu investigação após fotos de Verônica terem vazado na Internet. As imagens são chocantes. Ela aparece com o rosto desfigurado, calça rasgada, sentada, careca, com cortes e hematomas por toda a face, com os seios à mostra e as mãos e os pés algemados numa delegacia.

A coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo informou que esteve, na terça-feira, no 2º Distrito Policial, no Bom Retiro, e conversou com Verônica, além de ter acesso ao inquérito. “Mediante os acontecimentos, a Coordenação e o Conselho Estadual LGBT solicitaram ao gabinete da Secretaria de Segurança Pública a instauração de procedimento de uma eventual violação de direitos de pessoa custodiada. O pedido já foi atendido”, explicou o órgão, por nota.

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